A infanta Leonor de Espanha nasceu com 3 540 g (por extenso, três mil quinhentos e quarenta gramas).
O locutor de serviço, na RTP, ao transmitir a notícia, contornou airosamente a leitura do peso, não fosse o diabo tecê-las, e arredondou-o para 3,5 quilos. Já a repórter que nos falava de Madrid foi menos cautelosa… e lá vieram as quinhentas gramas…
Pois é, à semelhança das outras unidades de medida, como quilograma, decigrama, centigrama e miligrama, grama é um nome masculino. É verdade que o uso não ajuda a fixar a forma correcta. A maioria das pessoas não a utiliza naturalmente no seu dia-a-dia. Eu que o diga, se na mercearia pedir duzentos gramas de qualquer coisa, sou imediatamente corrigida: «“duzentas” gramas, com certeza»…
As escolas bem podem servir de travão à intrusa e ilegítima forma – afinal, estas questões também passam pela sala de aula, em particular pela de Português, Matemática, Físico-Química…
E depois há o papel da Comunicação Social, que tantas vezes ouço falhar neste caso particular. Não se percebe como é que estes profissionais não dominam questões para as quais se exige apenas algum estudo e atenção e, sobretudo, para as quais deveriam estar sobejamente alertados…