«Minha pátria, minha língua» - Antologia - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
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«Minha pátria, minha língua»

«Minha pátria, minha língua/Linha pátria, minha míngua», um poema inédito de Rui Zink, que é  apresentado pelo Jornal de Letras como «uma declaração de amor à língua portuguesa», para assinalar o 32.º aniversário do JL (de 21/03/2012).

 

Minha pátria, minha língua

Linha pátria, minha míngua

Juro-te, se fores minha gramática

Eu serei tua sintaxe.

É que, em ti, gosto de tudo

Dos sons, dos ecos, da surdez

Até das tuas rimas fáceis

Em extáse, em extáse.

Certo, nem sempre nos entendemos

Desgosto quando dizes atempadamente

E tu enxofras com os meus isso é suposto.

Mas não tem mal

Um dia, num presente distante

Voaremos juntos a uma ilha deserta

Lá cantarás só para mim

E eu, enfim (prometo que sim)

Calar-me-ei de vez

Só para ti.

Seremos não mais uma língua

e seu falante

Tão só uma palavra (uma palavra simples)

e o seu não menos discreto

amante.

Fonte

Poema inédito de Rui Zink, «uma declaração de amor à língua portuguesa, para assinalar os 32 anos do JL».In Jl (Jornal de Letras) de 21 de março de 2012.

Sobre o autor

Rui Zink (Lisboa, 1961), doutorado em Literatura Portuguesa pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, é professor universitário e escritor. Exerceu funções como docente na Universidade de Michigan, na Universidade Dartmouth e na Universidade Massachussetts e, atualmente leciona na universidade onde se formou. No âmbito da literatura publicou os romances Hotel Lusitano (1987), O Suplente (2000), Os Surfistas (2001), ente outros. Recebeu o Prémio do P.E.N. Clube Português pelo romance Dádiva Divina.