«Os portugueses são muito idadistas.» Assim mesmo, sem espinhas e sem aspas, escrevia Miguel Esteves Cardoso (MEC), na sua crónica habitual no Público, de 14 de Abril. Para depois acrescentar: «Até os velhos mais malandros, mais magros e atilados do que eu, como o Marcelo Rebelo de Sousa, sempre que me vêem perguntam-me, cruel e gulosamente, com que idade é que estou.» Com este aditamento, mesmo quem não tenha percebido o que é isso de ser idadista, já lá chegou pelo contexto. O idadismo, que não está dicionarizado, é mais um neologismo que anda por aí à espera de ser consagrado no léxico oficial, no qual já entrou oficiosamente, como o prova MEC. Ingressou na linguagem técnica de certas áreas, tais como a psicologia ou a sociologia, e está agora a sair para a língua comum. É uma importação com raízes no inglês ageism e significa discriminação baseada na idade, geralmente das gerações mais novas em relação às mais velhas. Equipara-se a outras atitudes e práticas negativas já consagradas no léxico, tais como o racismo ou o sexismo, por exemplo. Idadismo e idadista são palavras bem formadas, a partir do substantivo idade (idad-), a que se juntaram os sufixos -ismo ou -ista. E pelo facto de Portugal ser cada vez mais uma sociedade envelhecida e os temas ligados ao envelhecimento tenderem a ser cada vez mais discutidos, parecem-me palavras efectivamente necessárias, que enriquecem o nosso léxico, sendo uma mera questão de tempo até à sua dicionarização. E quanto mais depressa acontecer, mais se previne a entrada das equivalentes: "ageísmo", "etarismo", "etaísmo" ou "edaísmo", que também já surgem, algumas delas de muito mais questionável formação.