Já há pelo menos três anos que reparo que, nos postos de abastecimento da BP, surge, no pequeno visor do terminal portátil de pagamentos por multibanco, a seguinte mensagem, enquanto se espera pela conclusão da operação, depois de se marcar o código pessoal: «Seja bem-vindo "á" BP.» Ainda há dias, quando fui abastecer o meu veículo, reparei nesta incontornável frase. Ganhei coragem e resolvi ir mais longe — cronometrei o tempo de espera: 8 segundos, 8 eternos segundos a ser massacrado pela referida mensagem. Ora, tendo em conta que a BP tem, em Portugal, cerca de 350 postos de abastecimento e uma cota de mercado a rondar os 20%, podemos imaginar — partindo do pressuposto de que esta mensagem é padronizada e se encontra, portanto, por todo o país — a quantidade assustadora de pessoas que são confrontadas, diariamente, com o citado texto.
É certo que muitos dirão que este é um erro comum e aparentemente inofensivo. Contudo, devemos, por esta razão, aceitá-lo e achar que não há nada a fazer, de forma impávida e acrítica? Penso que não. Neste caso concreto, desconheço que entidade será directamente responsável pela colocação das mensagens nos terminais de pagamento dos postos de abastecimento da BP, mas, de uma vez por todas, alguém deveria substituir aquele acento agudo por um grave, tal como se encontra, aliás, no sítio oficial da BP Gás Portugal:
«Bem-vindo à BP!»
Enfim, começo a ficar sem ideias para resolver o problema da teimosa substituição do à pelo "á", e não me sai da cabeça uma passagem do livro A Linguística, de David Crystal, em que o famoso professor universitário refere que, em Inglaterra, nos anos 70, chegou a existir uma «Sociedade para a Protecção da letra R», cujos membros se comprometiam a censurar a BBC, sempre que um locutor pronunciasse um r intruso, ou omitisse um r de ligação. Será esta a solução para o nosso tão desprezado à?