O uso indevido da preposição já se tornou num caso infeliz de celebridade ridicularizado até à náusea.
O certo é que a preposição anda a ser evitada de forma tão flagrante e com frequência tal, que o mínimo que se pode fazer é um reparo sobre o assunto.
A questão, neste caso, prende-se com a preposição que acompanha o pronome relativo e que depende do verbo que se está a utilizar.
Apenas alguns exemplos por entre os inúmeros casos que se poderiam registar:
Omissão da preposição a:
«Esta dramatização que hoje se assiste» em vez de «Esta dramatização a que hoje se assiste» (assistir-se a);
«Em relação àquilo que estava habituada» em vez de «Em relação àquilo a que estava habituada»(estar habituada a);
Omissão da preposição com:
«Telemann é um compositor que eu simpatizo muito» em vez de «Telemann é um compositor com que eu simpatizo muito» (simpatizar com);
Omissão da preposição de:
«Um livro que se fala muito» em vez de «Um livro de que se fala muito» (falar-se de);
«A minha canção que ele gostava mais» em vez de «A minha canção de que ele gostava mais» (gostar de);
Omissão da preposição em:
«A mesa de Pessoa é aquela que ninguém se pode sentar» em vez de «A mesa de Pessoa é aquela em que ninguém se pode sentar» (sentar-se em);
«É um critério que todos os candidatos deverão empenhar-se» em vez de «É um critério em que todos os candidatos deverão empenhar-se» (empenhar-se em).
Bastariam alguns exercícios de Português devidamente orientados, com atenção q. b. à mistura, para que o resultado fosse outro. Ao fim e ao cabo, refiro-me ao que tenho observado naqueles que têm obrigação de usar a nossa língua com maestria (profissionais da rádio e da TV, políticos, professores), a quem o mínimo era mesmo fazerem algum trabalho de casa, porque a língua também é a nossa cara.