(...) Ao longo dos seus 16 anos de existência a Expolíngua Portugal tem tido como objectivo prioritário promover o multilinguismo e o multiculturalismo como forma de aproximar povos de línguas e culturas diferentes, assim estabelecendo um melhor conhecimento mútuo e as bases de um relacionamento de paz e desenvolvimento, verdadeiros pilares dos desafios do futuro.
Neste contexto tem sido tratada com o relevo que se impõe a língua portuguesa que, a nível internacional, é elo de ligação entre países dispersos por quatro continentes e que, tendo a língua como património comum, a podem potenciar através de uma acção conjunta e assumida da lusofonia.
É-me particularmente grato registar a participação entusiasta de entidades que, para além das universidades, muito contribuem para a internacionalização do português. Refiro concretamente o Instituto Internacional da Língua Portuguesa, o Ciberdúvidas, o Observatório de Língua Portuguesa, a APP e a AEPLE, para além dos editores que têm apresentado materiais modernos e motivadores para o ensino do PLE.
Este ano é convidada de honra a língua inglesa, a verdadeira língua franca do mundo actual e da globalização. é elo de ligação e comunicação entre pessoas de todas as latitudes e com os mais diversos interesses e culturas.
A sua importância no relacionamento mundial a nível das empresas e dos estados foi recentemente confirmada a nível nacional pela decisão do governo português de promover o seu ensino aos jovens desde o ensino básico, assim lhes dando e ao país, um instrumento essencial ao serviço da internacionalização.
E referir com toda a justiça, a acção que desde há muitos anos desenvolve o British Council, Instituto Britânico, no ensino da língua inglesa e na sua divulgação cultural.
Apraz-me igualmente registar e salientar o profundo empenhamento com que, a partir do convite da Expolingua, as Embaixadas de países de língua inglesa se empenharam na organização do congresso, bem como na animação cultural que irá decorrer nos três dias do salão.
O 16.º Salão Português de Línguas e Culturas, reflectindo o carácter institucional que lhe advém de uma continuidade ao longo destes 16 anos, apresenta-se com a clara consciência de uma responsabilidade acrescida pela expectativa gerada após as realizações anteriores e ainda de corresponder condignamente aos seus participantes, que muito o honram com a sua presença e lhe asseguram a continuidade.
A Expolíngua Portugal orgulha-se de poder reunir ao longo dos três dias do salão conferencistas e expositores de reconhecida importância a nível nacional e internacional nas áreas da formação e apoio à comunicação linguística, a quem saúdo com a maior simpatia e cuja presença é um estímulo para a continuação deste evento.
O desafio subjacente á ideia da “europa dos cidadãos” que poderá ser solidária, mas que sem dúvida é fortemente competitiva, exige soluções que promovam – integrando os diversos interesses em presença – uma abertura ao mundo e a capacidade de comunicar e melhor entender os nossos interlocutores.
Neste motivador transnacionalismo, comum aos diferentes salões de línguas que decorrem na Europa, e internacionalismo nos salões que nos últimos anos também têm lugar fora da Europa, se inserem duas das vertentes que enformam o salão português de línguas e culturas. A formação profissional que assegura as competências cada vez mais exigidas pela complexidade do mundo do trabalho; e o papel que nessa formação desempenha a aprendizagem de línguas estrangeiras, aí se incluindo com igual relevância a indispensável creditação de diplomas com credibilidade e aceitação internacionais.
Assim sendo há que considerar e promover a indispensabilidade dos portugueses, em particular os jovens que se preparam para entrar no mundo do trabalho, aprenderem línguas estrangeiras. Nessa aprendizagem a língua inglesa é uma necessidade sem discussão, pois que permite comunicar a nível universal, embora o seja de uma forma frequentemente superficial e insegura.
Dependendo da linha de interesses culturais ou profissionais de cada um de nós, o inglês deve ser aprendido de forma a permitir uma comunicação correcta e coerente, sendo pois necessário aprendê-lo melhor e em mais profundidade de forma a assegurar a necessária operacionalidade funcional.
Não se esgota, no entanto, aí a aprendizagem de línguas estrangeiras. O conhecimento de uma segunda língua estrangeira é indispensável a uma mínima flexibilidade profissional e cultural. Sem dúvida, e naturalmente, a escolha de uma 2.ª língua estrangeira irá depender das prioridades e dos contactos internacionais que cada um tenha, ou pense vir a ter no decorrer da sua carreira profissional.
No mundo actual cada vez se torna mais difícil dissociar comunicação, cultura, ciência e economia, sendo irrealista não reconhecer o impacto que estes quatro elementos têm nas relações internacionais. O sucesso nesta área passa necessariamente pela aceitação das realidades do multilinguismo e multiculturalismo.
Aqui, exactamente, cumpre a Expolíngua a sua missão de contribuir para informar e sensibilizar; quer na mostra de serviços e equipamentos ao dispor de quem vai optar por um determinado tipo de aprendizagem de uma língua estrangeira, quer no programa cultural, que decorre ao longo dos três dias de feira em espaços autónomos simultâneos, proporcionando um debate, que esperamos vivo e participado, sobre diversas vertentes da problemática da aprendizagem de línguas.
discurso de abertura do 16.º salão português de línguas e culturas – Expolingua Portugal, que decorreu em Lisboa de 16 a 19 de Março de 2006