Num Telejornal da portuguesa RTP1, o novo comissário da Expo 98, engenheiro Torres Campos, anunciou que vai ter um «controller»!!! Assim mesmo. Na "ecspô" que já tínhamos (ou será na "ecspó" como mais gostam outros locutores e políticos da praça?...), vamos ter agora um «controller».
E que será um «controller», perguntaria um humilde falante de Português, pouco versado em economês anglo-saxónico de alto coturno? Será um «controleiro» político, tipo caça-laranjinhas herdados do anterior comissário Cardoso e Cunha? Será antes um "controleiro" financeiro para evitar mais derrapagens no deve e haver da Exposição Mundial de Lisboa de 1998? Ou será alguma marca desconhecida de computadores?
Não seria bem melhor que o novo comissário fizesse um trabalho prévio de reciclagem e cultivasse a Língua Portuguesa? Bastava o pequeno esforço de engolir os tecnicismos estrangeiros próprios de um "saneador" das contas públicas e procurar falar de acordo com o cargo cultural que agora exerce. Seria suficiente ir a qualquer dicionário e não teria de procurar muito: «controlador» serve, «fiscal» também, «inspector de contas» também. E, se não gostasse de nenhum, podia usar «responsável pelo controlo das contas» ou, melhor ainda, «superintendente». Ou, mais simplesmente, orçamentista; se quiser, administrador orçamentista, atendendo à pessoa em causa (o dr. Luís Barbosa).
A figura do «controller» pode estar consagrada entre os estrangeirados gestores portugueses (mesmo aqueles cuja pronúncia não seja bem britânica...), mas, felizmente, ainda não chegou à esmagadora maioria dos telespectadores do canal televisivo de serviço público do Estado português.