O Diário de Notícias, pelos vistos, não acerta uma com o dalai-lama1. Depois de recente referência incorrecta ao título do líder espiritual do Tibete, veio agora, na edição de 9 de Setembro de 2007, tratá-lo como na imprensa de há 50 anos se tratavam os réus do tribunal de polícia, qualquer que fosse a razão do julgamento. A essas pessoas retiravam os jornais o direito à dignidade do tratamento, designando-os com a anteposição de um artigo definido ao nome – o Rodrigues, a Inácia, o Bentes, etc. Por duas vezes, João Pedro Henriques refere-se ao dalai-lama como «o Dalai», partindo ao meio a designação formal do dalai-lama (duas palavras ligadas por hífen), o que confere à referência uma carga pejorativa. Será que o jornalista abreviaria o tratamento de sumo pontífice para «o sumo»?
1 «(...) Também para Jaime Gama, presidente da Assembleia da República, nada há de "óbvio" que o impeça de receber Tenzin Gyatso (o nome "civil" do Dalai). A "audiência a Sua Excelência o Dalai Lama" [assim está anunciada no site do Parlamento], está marcada para dia 13, às 15h00. No mesmo dia, reunirá com a comissão de Negócios Estrangeiros.
A incursão parlamentar do líder tibetano contrasta com a que não ocorreu em 2001, quando o Dalai visitou Portugal pela primeira vez. Almeida Santos, então presidente da AR, não lhe permitiu a entrada no edifício. Os deputados que com ele quiseram reunir promoveram um encontro num hotel. Sampaio, então PR, não o recebeu oficialmente. Mas providenciou-se um encontro informal entre os dois numa visita ao Museu Nacional de Arte Antiga, "guiada" pelo então ministro da Cultura, Augusto Santos Silva. O Dalai Lama deixa Portugal dia 16.»