A «contextura», um conceito polémico no século XIX - Antologia - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
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A «contextura», um conceito polémico no século XIX

Segundo o ensaísta António Feliciano de Castilho, é na sintaxe que se encerra o «génio» da língua. As leis que comandam as conexões entre as formas elementares do idioma são, não apenas de difícil revogação, senão mesmo garantia de estabilidade das marcas distintivas do mesmo. É, porém, no prolongamento desta coesão sintáctica que se estende um domínio ainda mais individualizante, e por isso exactamente de maior melindre. Denomina-o Castilho, com outros autores, umas vezes «construção», outras «contextura» [1]. Outros ainda o designam pelos termos «inversão» e «transposição» [2]. É convicção generalizada que aí conflui quanto de mais criativo o idioma reúne. Mas, mais do que todas estética, é esta área do idioma, a mais propícia a adulterações e a perdas. Para Castilho não restam dúvidas: a língua está-se «em nossos dias despojando de suas formosas construções, tão artísticas» [3]. Neste terreno, o seu diagnóstico é invariavelmente reservado. Logo em 1836 o expressara:

As traduções de língua francesa [...] por duas vias danaram a sincera e nativa pureza de nossa língua: já cobrindo-a com o voraz e feio musgo de estranhos vocábulos e frases, já principalmente quebrando-lhe o estilo próprio, a interior contextura, e desgastando-lhe, sem o cuidarem, a vida e espírito semi-romano com que tão fera e poderosa andou sempre entre as de Europa [4].

Esta temática foi, em 1845, objecto de um debate de que o jornal cabralista A Restauração se fez eco, pela pena do próprio António Feliciano, um dos mais activos participantes. O debate, promovido pela Sociedade Escolástico-Filomática, que os Castilhos animavam, propunha-se investigar se, «à vista do actual estado das ciências, letras e artes, havia inconveniência de conservar a índole e cunho que os nossos escritores havidos por clássicos deram à língua portuguesa» [5]. Para o lugar e as circunstâncias, era uma formulação ingénua, se não tendenciosa. De líquido, a discussão dava ensejo ao reafirmar desta opinião já vastamente aceite: «O estudo da verdadeira índole e construção da nossa língua é indispensável a todos os escritores que, obrigados a fazer grandes leituras de obras francesas, tomam insensivelmente a contextura daquela língua, tão oposta à nossa».

Aqui se encontra, todavia, exposto o essencial da problemática em apreço. É, com efeito, pelo francês, crê-se, que se imiscui na língua portuguesa um factor atentatório do que nela é a maior das prerrogativas: a compleição latina dos seus recursos sintácticos. E um outro ponto de dissensão aqui aflora: o da proveniência – latina, ou outra – do português, questão nesse momento particularmente sensível e sobre que uma luta surda se trava.

Se era vária a terminologia relativa à transposição, o tema é, ele próprio, não menos fluido, e o recurso ao inefável fica a um passo. Castilho não raras vezes o deu. Assim, considera ele que a maior «injúria» feita à língua é contrafazê-la por dentro, não no corpo, que são as palavras, senão na alma e vida, que tais se podem chamar o jeito e feição interna do período, a índole peculiar de sua construção, a maneira essencial de converter em figuras as ideias, de fazer entender, por fórmulas aceitas, correntes e costumadas, toda a vária força e relações dos afectos; numa palavra, aquele não-sei-quê que todos sabemos, tão cândido e sincero, que é em cada idioma o que são na mulher a pureza e a graça reunidas [...]; aquilo tão inauferível, tão nosso, que todo o mundo no-lo não pode para si tomar e por onde, conversando inteiras horas em afinação portuguesa, a todos os conceitos chegamos sem dar fé de uma só frase que, por diversa no feitio e movimento, nos esbarrasse ao entrar pelos ouvidos [6].

Como outras vezes sucede, em Castilho o boleio altiloquente e impressionista vem camuflar um pendor para iludir clarificações técnicas. Mas nem por isso o ensaísta demonstra menos o talento de, com acuidade, formular o essencial do seu ideário. Saliente-se o admitir da capacidade de «todos» os falantes para reconhecerem uma «afinação portuguesa», óbvio apelo a uma competência linguística. Notável é, igualmente, a concepção da língua como capacidade de dar cabal expressão a uma continuidade mental («a vária força e relações dos afectos») por recursos de teor descontínuo (as «fórmulas aceitas, correntes e costumadas»). De comparável felicidade é a postulação de um valor funcional para a contextura portuguesa: «Com [ela], vêm as palavras, vêm as orações, entretecendo-se, colocar-se nos devidos lugares para actuarem com toda a força e produzir no entendimento ou na fantasia a máxima impressão lógica ou artística» [7]. Dirá, ainda, que um estilo «artístico» não dispensa as inversões [8].

A flexibilidade sintáctica do português é, deve dizer-se, motivo de generalizado orgulho. Exemplo disso é Evaristo Leoni, no seu livro O Génio da língua portuguesa [9], onde disserta sobre «A propriedade que tem a língua de ser transpositiva». A seu ver, tal propriedade permite que «as palavras se coloquem não só no lugar mais conveniente em relação à harmonia do discurso [...], senão onde as mesmas palavras possam produzir o maior efeito oratório.» E acrescenta: «Tem, pois, a língua portuguesa, pela faculdade de inverter e transpor a ordem directa do discurso, a vantagem de poder prestar-se a infinitas belezas e elegâncias de estilo». E Leoni concretiza: «A grande proximidade ou distância, assim dos verbos como dos nomes nos vários períodos de um discurso, faz grandemente realçar o estilo, dando-lhe nobreza e sublimidade». As exemplificações que fornece não são, porém, de modo geral, as mais convincentes. Também Castilho, na explicitação gramatical de tal prerrogativa do português, não vai além de uma referência superficial à «liberdade de hipérbato» [10]. Mais de uma vez promete demonstrar «que imensa vantagem lógica e artística leva a toda essa galiciparla, tão tolamente presumida de clareza (que não tem), o nosso dizer semi-latino, numeroso, poeticíssimo até na prosa» [11]. Nunca chegará a fazê-lo.

José Feliciano, citando o irmão e Leoni, canta os louvores da transposição, sustentando ser «um belo tema o de provar quanto as inversões inteligentes são conformes com a filosofia da palavra» [12]. Era uma tarefa aliciante, sem dúvida, e graças a ela talvez fosse viável demonstrar ser aquela «uma das mais ricas e invejandas [sic] propriedades do português», como o exprime Júlio de Castilho (1840-1919), seu sobrinho [13].

Na convicção de todos. era no contacto com a práxis francesa que as capacidades portuguesas de expressão mais se debilitavam, tal como era no confronto dos desempenhos português e francês que a robustez nacional mais se patenteava. Não falta, para o ilustrar, o recurso à caricatura. Castilho alude, em vários artigos, à «triste construção francesa», que os próprios nacionais lamentariam; ao «engoiado e deplorável jeito francês de agente, verbo, paciente e ponto final»; à «paupérrima distribuição das parcelas do discurso» naquele idioma. Também José Feliciano vê o português reduzir-se «à monótona, desgraciosa, anti-vernácula procissão de agente, verbo e paciente, com os competentes complementinhos na cauda, e esses mesmos Deus sabe em que desordem colocados!». Algo mais sério, o académico António da Silva Túlio (1818-1884) expõe, num dos seus «Estudinhos de língua pátria»:

Uma diferença característica dos períodos francês e português é esta: que o francês se adstringe, quase sem excepção, à chamada ordem gramatical, colocando primeiro o sujeito, depois o verbo, por último o complemento [...]. O português quanto mais genuíno tanto mais propende para pôr primeiro o verbo e depois o seu agente; e se constantemente o não faz, é porque algumas vezes lho embarga a suprema lei da clareza, outras a da harmonia [14].

Outros autores se mostram igualmente exigentes no explicitar do que fosse, em cada uma das duas línguas, o que José Silvestre Ribeiro chamou «a elegância própria», o «diverso sistema de tecer o discurso». Assim, Francisco António de Campos escreve: «O português é muito mais transpositivo que o francês [...]. Sem seguir a marcha regular e monótona do francês, pode variar as construções com elegância, sem prejuízo da clareza e da ligação das ideias» [15]. Mas elucidativos exemplos de uma ordem menos «fixa e monótona», em contraste com a «rigorosa e atada» sintaxe do francês, só Inácio Roquete no-los fornece, na sua Gramática elementar da língua francesa e Arte de traduzir o idioma francês em português. Alguns dos casos que aduz: «Que importuno sois!» por Que vous êtes importun!; «Já não é costume dançar» por La coûtume n'est plus de danser; «Grandes foram sem dúvida os favores concedidos pelo céu» por Elles furent grandes, sans doute, les faveurs accordées par le ciel [16]. Além disso, pormenoriza modos de falar franceses «que não se adaptam à nossa língua traduzidos ao pé da letra», no que demonstra excelente observação. Bem menos esclarecedor se revela o afanoso Gabriel Coutinho, para quem, nos «nossos modernos escritos afrancesados», diz, uma desafinação «zumbirá constantemente aos ouvidos, que há-de tornar insuportável a leitura» [17]. Longe de tentar um tratamento contrastivo das duas normas, o autor entrega-se a extensas considerações sobre a proliferação de pronomes pessoais, de artigos, sobre o que chama o bom uso de preposições ou tempos verbais, e fornece apenas, bem contados, dois exemplos convincentes de decalque sintáctico [18].

Na porfia de patentear as virtualidades sintácticas do português, inevitável era se chegasse a excessos. Um deles é assinalado por Rebelo da Silva em estudo sobre Mendes Leal. O crítico detecta, na primeira fase da obra do autor, uma «deplorável aberração»: a contorção da prosa. Não deixa, porém, de sublinhar a generosa intenção de opor uma «pureza vernácula às deflorações dos galicistas» [19]. Também a obstinação de António Feliciano em reproduzir, no português, a flexibilidade latina não passaria despercebida. Em 1860, o seu amigo londrino António Ribeiro Saraiva, elogiando-lhe a tradução dos Amores de Ovídio e o «perfeito conhecimento das duas línguas», salientava nele um «tal jeito como tens de usar todos os recursos que a nossa oferece para copiar a latina» [20]. Bem cedo, com efeito, Castilho concebera o plano de influenciar a escrita do seu tempo, quer pelo recurso a traduções de autores latinos quer através do seu próprio exemplo, assim esperando contrariar a deriva galicista. Tamanho voluntarismo conduziria, aqui e ali, a exageros. Assim, um pensamento relativamente linear – o de que o mal causado no idioma por deficientes traduções do francês pode ser compensado por boas traduções do latim – era pelo ensaísta, em 1836, vazado neste período de uma complexidade exorbitante:

Sempre direi que, porquanto foram traduções as que já nos arruinaram, a traduções cabe reparar o destruído. E, certo que o mal que nos as francesas por sua natureza hão feito, o podem pela sua mui bem vingar as latinas [21].

Em Novembro de 1865, Teófilo Braga formularia, sobre a escrita de um dos livros que mais celebrizaram António Feliciano, esta demolidora análise: «Nos Quadros Históricos, obra tão falada e gostada, abundam páginas infindas, sáfaras de ideias, secantes pelas estorções dos elementos da oração, mas portuguesas de lei» [22]. A passagem aqui em cursivo devia representar para o visado o insulto supremo. Ele, guardador do âmbito mais que todos sacrossanto do idioma, o da infindamente moldável «contextura», dava com esta reduzida a fastidiosas «estorções».

Notas:

1. Além de Castilho, falam de «contextura», por exemplo: Falcão, em «Considerações», op. cit., pág. 345; Herculano, «Parecer. 'D. Maria Teles'», Opúsculos, 5, pág. 101; Coutinho, Análise crítica, pág. 62.

2. Contudo, «inversão» e «transposição» são noções distintas, como ensina o interessante estudo A teoria do discurso aplicado à língua portuguesa, de António Leite Ribeiro (de 1819, e portanto externo ao nosso período, embora com 2ª ed., «correcta e emendada», Lisboa, Imprensa Nacional, 1836), obra que surpreendentemente não achamos nunca citada. A «construção inversa», explica Leite Ribeiro, dá-se pela simples troca de posições entre dois termos contíguos da oração (p. ex. sujeito e predicado), enquanto que a «construção transpositiva» exige a inserção de elementos terceiros entre termos em princípio contíguos (cf. págs. 130-131).
Jerónimo Soares Barbosa, na Gramática filosófica da língua Portuguesa (Lisboa, Tipografia da Academia, 1822, com reedições em 1830 e 1856), opera, entre outras distinções, a de construções «direitas» e «invertidas». Vejam-se, a este propósito, os esclarecedores comentários de Maria Manuela Ambar em Para uma sintaxe da inversão sujeito-verbo em português (Lisboa, Edições Colibri, 1992, págs. 7-11), e em particular onde afirma: «A distinção entre sintaxe e construção, entre construção direita e invertida, entre inversões necessárias e úteis e a caracterização contextual das inversões com que [Soares Barbosa] preencheu cada um destes itens dão-lhe um lugar sem paralelo na literatura gramatical portuguesa.»

3. «Conversação preambular com os meninos estudiosos», op. cit., págs. 12.

4. «Conversação Preliminar a 'A confissão de Amélia'», A Noite do Castelo e Os Ciúmes do Bardo, Poemas seguidos da Confissão de Amélia, Lisboa, 1836, pág. 176.

5. In A Restauração, 14-I-1845. O artigo não vem assinado. A autoria castiliana é garantida por Júlio de Castilho (Memórias, IV, pág. 179). Sobre a citada Sociedade leia-se José Silvestre Ribeiro, Estabelecimentos, VIII, 1879, págs. 362-363.

6. «Notícia literária acerca da srª D. Francisca de Paula Possollo da Costa», Fontenelle, Conversações sobre a pluralidade dos mundos, Lisboa, 1841, págs. XL-XLI.

7. «Língua portuguesa», in R.U.L., 1, 1842, 451.

8. Cf. Nota «Linguagem», Camões. Estudo histórico-poético, Ponta Delgada, 1849, pág. 190. M. Manuela Gouveia Delille sublinha o apuro de Camilo, numa tradução sua de 1871 (do Livre de Lazare, edição francesa de Heine), com «o carácter vernáculo da linguagem», o que se manifestava, por exemplo, no «uso relativamente frequente da prolepse». E a autora comenta: «Isto imprime à linguagem da versão camiliana um tom vigoroso e dinâmico, um ímpeto e veemência românticos, que não se encontram na sóbria tradução francesa» (A recepção literária de H. Heine, Lisboa, Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 1984, págs. 396-398).

9. Lisboa, 1858. A obra suscitou particular adesão, não decerto em último lugar pelo aparato científico que ostenta. Andrade Ferreira chama-lhe «obra indispensável a todo o homem de letras», que «ensina a língua, inquirindo-lhe as suas razões filosóficas [compreenda-se : científicas] e tornando-lhe vulgares os seus mais ocultos mistérios» («Revista crítica e literária de 1858», in Revista contemporânea de Portugal e Brasil, 1, 1859, 60). Tal cientificidade será, mais tarde, por Adolfo Coelho, considerada fútil e mirabolante. «Os erros pululam, e a insuficiência e falta de método saltam aos olhos» (A língua portuguesa, Coimbra, Imprensa da Universidade, 1868, pág. X). «No livro falta inteiramente o carácter científico. [...] Eis até onde entre nós chegou a ciência académica, laureada e oficial» («Sobre a língua portuguesa», Grande dicionário português de Frei Domingos Vieira, vol. I, Porto, Chardron, 1971, págs. XII-XIII).

10. «Notícia da vida e obras do Padre Manuel Bernardes», Livraria Clássica Portuguesa, t. VII, Lisboa, 1845, pág. 131.

11. Prólogo, Eugène Sue, O judeu errante (1844), in Vivos e mortos, Lisboa, Empresa da História de Portugal, 1904, pág. 75.

12. Pena de Talião, Recife, 1868, pág. 113.

13. António Ferreira, poeta quinhentista, I, Rio de Janeiro, B. L. Garnier, 1875, pág. 167.

14. In Arquivo Pitoresco, 2, 1858, 310.

15. A língua portuguesa é filha da latina ou Refutação da memória em que o Senhor Patriarca Eleito, D. Francisco de S. Luís, nega esta filiação, Lisboa, 1842, pág. 25.

16. Paris, J.-P. Aillaud, 1851, págs. 104-106.

17. «Duas palavras sobre galicismos», in O Murmúrio, nº 13, 1856, 5.

18. Cf. Análise crítica, ed. cit., págs. 60-92. Adequados nos parecem os comentários críticos a estas duas frases: «Nós conhecemos mui pouco os desígnios da sabedoria infinita, para que possamos entranhar-nos mui avante em questões dessa ordem» e «Cumpre porém que o culto externo seja a expressão verdadeira e sincera da homenagem do coração, ou ele seria uma horrível hipocrisia, injuriosa a Deus» (págs. 88-89).

19. «Poetas líricos da geração nova. Mendes Leal», in O Panorama, 11, 1854, 84.

20. Saraiva e Castilho a propósito de Ovídio, Londres, B. W. Gardiner & Son, 1862, pág. 259.

21. «Conversação Preliminar a 'A confissão de Amélia'», A Noite do Castelo e Os Ciúmes do Bardo, Lisboa, 1836, pág. 180. Júlio de Castilho, nas Memórias, reconhece o exagero do pai, mas desculpa-o. «Exagerou porém; quem o duvida? A sua índole era de si exagerada. Não se falava em 1836 como ele escrevia; isso não; mas a sua exageração é salutar, e intencional. Veio a deixá-la passados anos, depois de a ver cumprir o efeito desejado, e ateve-se ao justo meio» (2ª ed., t. III, Coimbra, Imprensa da Universidade, 1929, pág. 299).

22. As teocracias literárias. Relance sobre o estado actual da literatura portuguesa, Lisboa, 1865, pág. 11.

 

Fonte

Excerto do ensaio de Fernando Venâncio "Estilo e Preconceito. A língua literária em Portugal na época de Castilho" (Edições Cosmos, 1998).

Sobre o autor

Fernando Venâncio (Mértola, 1944) formou-se em 1976 em Linguística Geral, na Universidade de Amesterdão. Aí se doutorou em 1995, com um estudo sobre as «ideias de língua literária em Portugal no século XIX». Publicou estudos sobre «brasileirismos em Portugal», as reformas ortográficas e o Português Fundamental. Tem escrito no Jornal de Letras (JL), no semanário Expresso e na revista Ler. É autor dos romances Os Esquemas de Fradique (1999) e El-Rei no Porto (2001) e da antologia Crónica Jornalística. Século XX (2004). A sua mais recente obra é Assim Nasceu uma Língua (2019).