Entrevista a Evanildo Bechara, gramático e membro da Academia Brasileira de Letras, na Rio TV Câmara em 2013.
Pontos mais salientes:
Sobre o Acordo Ortográfico («uma reforma ortográfica faz-se sempre para as gerações futuras»); as diferenças no português de Portugal e do Brasil; «Foi Portugal que se afastou da sua matriz do século XVI, que foi introduzida pelos portugueses no Brasil» + os brasileirismos têm mais que ver com essas reminiscências do que com neologismos; fila e bicha; a próclise e a e a língua falada e a língua escrita; sobre o adiamento da obrigatoriedade do AO no Brasil para 2016; quem mais alterou, Brasil ou Portugal?; as principais cedências vieram do Brasil; pronuncia-se como se escreve; «as excrescências dos acentos»; o trema: sequela, linguiça, líquido/liquido, questão; vícios de pronúncia; extinguir, casos de vacilação; inexorável; «o AO resolveu 90% dos casos do hífen»; sobre o adiamento da obrigatoriede do AO no Brasil, por via do «decreto inócuo só veio reforçar os inimigos do Acordo, principalmente em Portugal»; a decisão de o Brasil prolongar o período de transição «não mudou em nada» a adoção do AO no Brasil: «o Acordo está tão visceralmente ligado que até a literatura de cordel já escreveu um cordel sobre o Acordo, com o título “A última do português”; esse decreto do Governo brasileiro «não teve nenhum aconselhamento», o Governo não consultou a Academia…; «dizer que só o Brasil obedece ao Acordo é fechar os olhos à realidade»; a maior relutância na aplicação do AO nos demais países da CPLP vem de Moçambique e de Angola, «e não respeita ao Acordo mas a outos problemas, mais prioritários para esses países»; o que dizia o filógo francês Gaston Paris: numa reforma ortográfica a quem não podemos pedir socorro é aos escritores, «que têm com a palavra uma relação afetiva muito diferente do homem comum... Haja vista o que os simbolistas diziam sobre a palavra lágrima que, depois da reforma de 1911, passou a ser escrita sem y; sobre a visão antidemocrática da corrente que considera que se deve defender a linguagem falada, errada e inapropriada; sobre Monteiro Lobato e a relação branco e preto; sobre o mau uso da língua portuguesa; etc.