Usamos palavras que evidenciam constantemente a matriz latina da língua, enriquecida pelo legado medieval do árabe. Com efeito, já o filólogo e linguista português Lindley Cintra nos revelara que os dialetos de Portugal se repartem por duas áreas lexicais: a noroeste, a ruralidade mantém a velha terminologia latina e pré-romana; caminhando para o interior e para sul, a marca árabe intensifica-se no campo e na cidade. Há também situações de síntese, como acontece com oliveira e azeitona: a referência à árvore tem raiz latina, mas o nome do fruto ecoa o de um produto avidamente consumido – azeite, um vocábulo de origem árabe. O consultório dedica uma das novas respostas precisamente a este tópico, ao mesmo tempo que exemplifica o emprego do verbo calhar e lembra que a coordenação não articula apenas orações. A rubrica Pelourinho foca o desleixo linguístico nos rótulos comerciais, com os comentários de Paulo J. S. Barata a uma estranha tradução («leite after sun») e ao pudor que a palavra decote não consegue esconder.
A ajuda dos consulentes significa viabilizar o serviço que aqui se presta, livre e graciosamente, em prol da língua portuguesa. Os nossos agradecimentos pelos contributos enviados ao Ciberdúvidas.