A plena entrada em vigor do Acordo Ortográfico em Portugal em 13 de maio último tem suscitado reações mediáticas desencontradas, das quais a rubrica Acordo Ortográfico faz agora eco, com a seleção de dois artigos recentes. Assim:
– em De Acordo?, o diplomata português Francisco Seixas da Costa assinala a data em referência, retratando em tom sarcástico o movimento de contestação ao novo acordo (texto original publicado no Jornal de Notícias de 15/05/2015);
– o comentador José Pacheco Pereira declara, em Os apátridas da língua que nos governam, que a mudança ortográfica é como uma condenação «a escrever como se urrássemos em vez de falar» (Público, 16/05/2015).
Na mesma rubrica, disponibiliza-se ainda um texto mais antigo, de 2012, Acordo Ortográfico: prós e contras da linguista Helena Topa – que, assumindo-se como uma «defensora, embora crítica», da presente reforma, nele propõe um olhar distanciado sobre «os pontos que as novas regras carecem de correção».
E, por último, fica a sugestão de leitura de mais dois outros textos sobre este mesmo tema, acessíveis noutras páginas da Internet:
– no contexto brasileiro, um aprofundado estudo da gramática Maria Helena de Moura Neves, intitulado O acordo ortográfico da língua portuguesa e a meta de simplificação e unificação (Delta, vol. 26, n.º 1, São Paulo, 2010;
– e, de novo em Portugal, a visão negativa do historiador Rui Ramos no artigo O império ortográfico, que não dispensa a leitura de alguns dos comentários por ela suscitados (Observador, 16/05/2015).
Continua a verificar-se uma enorme confusão à volta da expressão «círculo vicioso». A nossa consultora Sandra Duarte Tavares participou no programa do provedor do telespectador da RTP, A Voz do Cidadão, de 16/05/2015, para explicar por que razão é esta a forma correta, e não «"ciclo" vicioso» (acesso também por O Nosso Idioma).
Para inquietações apocalípticas, o consultório propõe uma resposta sobre a palavra Armagedão. E, face à inexorabilidade do inglês, dão-se recomendações sobre a tradução de uma expressão inglesa «Print without Saving». Outros tópicos: a formação do substantivo gulodice e a possibilidade de colocar um acento grave na expressão «olhò comboio».
No processo de redescoberta dos elos culturais e linguísticos entre Portugal e a Galiza, assinala-se mais um momento: a realização em 19 de maio, às 19h00, no Teatro Nacional D. Maria II (TNDM II), em Lisboa, do recital Vozes Partilhadas, no qual participam quatro escritoras – a portuguesa Maria João Cantinho e as galegas Eva Veiga, Yolanda Castaño e Alba Cid. Trata-se de um evento incluído no ciclo Portugal-Galicia: Cenários para Um Encontro, a decorrer entre 12 de maio e 5 de junho (programa aqui). Associada a esta iniciativa, refira-se a peça Sax Tenor, do dramaturgo galego Roberto Vidal Bolaño (1950-2002), em cena na Sala Garrett do TNDM II, até 24 de maio p. f.