Na escrita jornalística é corrente dar-se às mulheres com cargos políticos ou outros de relevância pública o mesmo tratamento conferido aos homens – por regra, identificados primeiro pelo nome completo como são conhecidos e, ao logo do texto (até por razões de encurtamento de palavras e de economia de espaço), apenas pelo apelido1. Com uma condição, porém: o apelido tem de ser facilmente reconhecível de quem se fala.
Por exemplo: Aníbal Cavaco Silva… Cavaco Silva… Cavaco (nunca só Silva); ou: José Mourinho… Mourinho.
Não é o caso referido pela consulente. A ministra portuguesa das Finanças não é reconhecida no país só pelo respetivo apelido, mas pelo nome + apelido: Maria Luís Albuquerque. Quem a identificaria na frase referida («Albuquerque vai a Paris…»)?
Ao contrário, por sinal, da sua antecessora, Manuela Ferreira Leite – cujo apelido, Ferreira Leite, é suficientemente clarificador de quem se tratava, se acaso o nome fosse omitido no decurso de uma eventual notícia com ele relacionada: Manuela Ferreira Leite… Ferreira Leite.
É exatamente esse ponto – a perceção imediata de quem ou do que se fala, sem margem nenhuma de dúvida ou ambiguidade – uma das regras basilares de qualquer notícia.
O uso prevalece na designação de figuras internacionais: Angela Merkel… Merkel; Margaret Thatcher… Thatcher.
1 Pelas regras da escrita jornalística, qualquer pessoa, mais ou menos conhecida, deve ser sempre identificada com a maior precisão possível: nome e apelido, profissão, cargo ou função exercidas (outros dados como a idade, estado civil ou local de residência costumam ser também recomendados se forem entendidos de relevância noticiosa).