Nas fontes de que dispomos, não encontramos termo que designe especificamente a mulher de um comendador. Por exemplo, o Dicionário Eletrônico Houaiss regista os substantivos comendadeira e comendadora como femininos de comendador. Comendadeira tem entrada própria e significa não «mulher do comendador» mas «mulher titular de uma comenda honorífica» e «religiosa de convento que tinha comenda (´benefício´) ou herdade» (ibidem).
Já no que respeita a senador, a mesma fonte apresenta senatriz e senadora como as respetivas formas do género feminino, porém este dicionário, elaborado no Brasil, distingue senadora («mulher eleita ou designada para exercer funções legislativas em um senado») de senatriz («mulher de senador»). Por outro lado, a avaliar por um dicionário publicado em Portugal, o Dicionário da Língua Portuguesa, da Porto Editora, essa distinção não parece tão nítida no português europeu, uma vez que se diz que senatriz ou senadora são simultaneamente «mulher que faz parte de um senado; senadora» e «mulher do senador»1. No entanto, dado o caso de embaixadora, que se especializou como o mesmo que «chefe do corpo diplomático de um país junto de outro», parece de prever que, por analogia, senadora possa designar também em Portugal uma mulher que foi eleita ou designada para ocupar um lugar num senado, enquanto senatriz se reserva apenas para fazer referência à mulher de um senador.
1 Ambas as palavras estão atestadas no português de Portugal há algum tempo. Senadora e senatriz figuram no Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, de 1940; no Vocabulário da Língua Portuguesa (1966), de Rebelo Gonçalves, estão incluídas no verbete correspondente a senador, como formas de feminino. Como é próprio deste tipo de obras, os vocábulos aparecem sem definições, pelo que não podemos saber se já fazia alguma distinção semântica antes dos anos 70 do século passado.