A pronúncia do u de Raguel parece ser válida, atendendo à sua etimologia¹ e ao facto de em línguas próximas do português, nomeadamente no castelhano (Ragüel) e no italiano (Raguel), as formas correspondentes também terem um u articulado². No entanto, em português, e tendo em conta a escassa utilização do nome, parece aceitável a não articulação do u (tal como em Miguel).
Assinale-se que este nome está registado por José Pedro Machado no Dicionário Onomástico Etimológico da Língua Portuguesa. Porém, uma vez que a obra foi publicada em Portugal, não é possível reconhecer se o u é pronunciado ou não, porque em palavras agudas como esta, que inclui a sequência gu antes de e ou i tónicos, não há maneira de distinguir graficamente, no português europeu, uma articulação da outra.
No contexto do português do Brasil, Rosário Farâni Mansur Guérios, no Dicionário Etimológico de Nomes e Sobrenomes (São Paulo, Editora Ave-Maria), publicado em 1973, regista o nome Raguel sem trema, indicando: «RAGUEL, hebr. Ra´uel, “amigo (ra´u) de Deus (El)”. Esta referência parece-nos significativa, dado que figura numa publicação feita no período em que o trema estava em uso no Brasil (a aplicação do novo acordo ortográfico elimina esse diacrítico); ou seja, apresentando-se Raguel sem trema, é de supor que o nome também se pronuncia sem [u].
¹ Raguel é uma variante de Reuel, forma que, segundo o sítio de língua inglesa Bible History Online, tem origem hebraica e ocorre efetivamente no livro de Tobias (ou Tobite). O artigo da Wikipédia em italiano sobre Reuel também faculta alguma informação: «composto de רְעוּת (re´ut, "amigo", do qual também Rut) e de El, outro nome de Deus, com numerosos nomes bíblicos (Gabriel, Emanuel, Ismael [...]).» É, portanto, de notar que etimologicamente existiu um segmento semelhante ao [u] português, o qual se conserva nas formas inglesa e italiano do nome.
² Observe-se, no entanto, que em castelhano também se usa a forma sem u pronunciado, escrita Raguel, sem trema.