Lisboa, 01 jun (Lusa) – O Ciberdúvidas, plataforma digital cuja principal tarefa é a resposta a dúvidas de língua portuguesa, antecipou a habitual interrupção de férias, «mas sem certezas de voltar», disse à Lusa o jornalista José Mário Costa, impulsionador do projeto.
«Antecipámos o habitual período de férias, por dificuldades de manutenção, e sem certezas de regressar, face a dificuldades financeiras», disse José Mário Costa à agência Lusa.
O jornalista disse que apenas se mantém o apoio [financeiro] da Fundação Vodafone ao Ciberdúvidas, não tendo conseguido captar apoios de grupos empresariais portugueses, nomeadamente os ligados à lusofonia.
Fica assim suspensa a «atualização diária, incluindo o consultório» do sítio na Internet.
A «interrupção de férias» antecipada do Ciberdúvidas verifica-se no ano em que a plataforma celebrou 15 anos de atividade, passados no dia 15 de janeiro.
Na altura, José Mário Costa, em declarações à Lusa, mostrava-se otimista com os resultados, mas já apreensivo quanto ao futuro da plataforma, sobretudo pela insegurança de apoios, nomeadamente do Governo, que, através do Ministério da Educação, «apenas [nomeara no ano passado] dois professores» [um dos quais dedicado apenas à Ciberescola da Língua Portuguesa, projeto da iniciativa do Ciberdúvidas, de ensino a distância de apoio a professores e alunos dos ensinos básico e secundário de Portugal, e que não obteve o prometido apoio do Ministério da Educação].
As preocupações financeiras do fundador adensavam-se então com a saída de um dos patrocinadores [os CTT, Correios de Portugal] e pela «precariedade de alguns protocolos estabelecidos», em particular com meios de comunicação social [como a RTP e a agência Lusa].
Na passagem dos 15 anos do Ciberdúvidas, José Mário Costa adiantara à Lusa que tinha em projeto uma plataforma «especialmente vocacionada para os lusofalantes residentes nos Estados Unidos e no Canadá, com o apoio da Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento» [entretanto já em linha].
José Mário Costa afirmou então que gostaria igualmente de desenvolver um «projeto específico para as realidades africanas», que só se encontrava na gaveta «pela falta de apoio financeiro» [e outro, proposto à Secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas, especificamente orientado para lusodescendentes na Europa].
O Ciberdúvidas surgiu em 1997, por iniciativa de José Mário Costa e do também jornalista João Carreira Bom, já falecido.
Ao longo de década e meia foi «o único [sítio] na lusofonia», na sua especificidade, exclusivamente dedicado à língua, com uma componente interativa, tendo originado um ritmo diário de cerca de 70 perguntas e uma média de 20 novas respostas e outros conteúdos, acabando por acumular mais de 30 mil respostas e de cerca de 40 mil textos dos mais variados sobre a língua portuguesa e o seu uso [em todo o espaço dos oito países da CPLP].
Texto difundido pela agência de notícias portuguesa Lusa, no dia 1 de junho de 2012.