A utilização destes aparelhos (imagem ao lado) para fins variados militares e não só trouxe a polémica e... um novo verbo para a língua portuguesa. Ele, o verbo, e o resto nesta crónica do autor na sua coluna "Pontos nos ii", no jornal português “i”, de 3/07/2014.
[Barack] Obama atola-se rapidamente num lamaçal mesopotâmico para onde já enviou “conselheiros”, dólares, armamento, a sua credibilidade e drones. É muito provável que os drones (a palavra deve ser grafada sem aspas, por já pertencer à língua portuguesa e à linguagem universal contemporânea) venham a ser a marca distintiva desta nova fase da intervenção norte-americana no Médio Oriente.
Os drones não são coisa nova. Andavam na imaginação dos escritores muito antes que os alemães utilizassem as suas bombas voadoras, no final da Segunda Guerra. Mais tarde não houve criança que não sonhasse ter o seu avião ou automóvel comandado à distância. Muitos tivemos drones em casa, sem o saber.
É fácil imaginar os serviços que um drone pode prestar em situações “civis” (combate a incêndios, socorro a vítimas de acidentes). A Amazon anunciou que em breve terá drones para entregar as suas encomendas nas nossas casas.
Enquanto os drones norte-americanos já sobrevoam Bagdade, cá [em Portugal] ainda se pondera se valerá a pena discutir a legalidade e a legitimidade de a PSP utilizar drones para captar imagens de manifestações, sem ferir o sagrado direito de cada manifestante à privacidade. Avança-se lentamente. Em Abril, a Marinha apresentou ao público um pequeno avião não tripulado, cem por cento nacional. Caiu, meteu água.
Houve uma segunda tentativa, bem-sucedida mas não testemunhada pelos jornalistas. Pouco importa. O verbo dronar será conjugado em português, mais cedo ou mais tarde.
texto publicado na coluna do autor "Pontos nos ii", no jornal "i", de 3 de julho de 2014. Manteve-se a grafia anterior ao Acordo Ortográfico seguida pelo jornal.