DÚVIDAS

Restos mortais, crivos e peneiras

Caro Ciberdúvidas,

Venho, mais uma vez, em acção de protesto, pela forma calamitosa como os canais temáticos da nossa televisão, e em particular o canal História, tratam o nosso idioma e, até, como lhes é estranha a cultura geral mais rudimentar.

Comecemos por aqui.

O episódio em causa refere-se às conquistas tecnológicas da China no tempo dos imperadores.

«... os esqueletos do bicho-da-seda (eram usados para adubar a terra).»

Tal e qual!

Portugal é com certeza o único país do mundo inteiro em que se ensina que um verme tem… esqueleto!

Deixai-me fazer um avanço ao que deve ter acontecido.

O tradutor, com human remains na tonta cabeça, e vendo no guião remains, tratou logo de traduzir por «esqueletos». Aliás, diga-se de passagem, o termo indicado, human remains, refere-se à totalidade do cadáver e não apenas da parte do corpo humano constituído pelo tecido ósseo.

Agora o pontapé na gramática:

«... peneireiro, como o instrumento constituído por uma caixa circular de madeira, sendo o fundo de rede metálica, e que serve para separar o grão dos cereais da palha.»

Quer dizer, o erro é duplo, pois a palavra adequada seria crivo, peneireiro soando a peneiro, peneira. Quanto a peneireiro, é, toda a gente sabe, uma ave de rapina ainda não extinta.

E assim vai a divulgação da cultura.

Resposta

Agradecemos uma vez mais o seu alerta. Gostávamos só de acrescentar que human remains são «restos mortais»; e peneireiro pode também ser «homem que faz ou vende peneiras» ou «que trabalha com peneiras».

ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de LisboaISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa