DÚVIDAS

Língua Portuguesa (no Brasil e em Portugal)

Não é bem uma pergunta que vou fazer, mas um comentário.

Este site (Ciberdúvidas...) foi-me recomendado por um amigo português, com quem converso diariamente, e apesar de nossas conversas serem bastante produtivas e divertidas, às vezes algumas expressões que uso ou que ele usa são desconhecidas, embora eu seja filha de portugueses e tenha inclusive dupla nacionalidade, às vezes não entendo (ou não "percebo" como vocês diriam) o que ele diz, no primeiro momento.

Mas, esse meu amigo está sempre contestando o que eu digo, por exemplo, diz que nós brasileiros inventamos coisas, como por exemplo, diz que não podemos dizer que uma pessoa que nasce na Polônia é um polonês; tem que ser um polaco. Não posso dizer também que uma cidade à beira mar é uma cidade litorânea e uma porção de outras coisas que ele implica comigo e contesta. E vive dizendo que nós aqui no Brasil não podemos dizer que nossa lingua é o Português, deveríamos inventar outro nome para nosso idioma. E eu vivo dizendo a ele que isso é uma besteira.

Aí, que surpresa a minha, abri o Ciberdúvidas e descobri uma correspondência enviada pelo Marcus, do Brasil, que dizia exatamente o que meu amigo português me diz quase todos os dias, e para minha surpresa encontrei a resposta de D´Silvas Filho, dizendo exatamente o que eu digo a ele todos os dias.

Quero parabenizar a pessoa que elaborou aquela resposta e juntar-me a ela sobre o que pensa da Língua Portuguesa.

E digo mais, tenho muito orgulho de ser brasileira, modéstia à parte sou conhecedora da nossa gramática e por ser advogada tenho que primar pela boa linguagem, tanto escrita quanto falada. E o mesmo orgulho que sinto em ser brasileira, sinto também em ser portuguesa, e que nossa língua seja a mesma. Até acho engraçado quando escuto alguma palavra que tem aqui outro significado, e muitas vezes passo a empregá-la com o significado daí.

Aliás, comecei o último parágrafo com a palavra "parabenizar". Esse verbo foi objeto de discussão de dias com meu amigo, que diz que essa palavra não existe. Veja se pode...

Outra coisa ainda: mandei que ele veja a correspondência mencionada, com a observação que no Brasil existem pessoas que pensam como ele e em Portugal pessoas que pensam como eu.

Agradeço desde já a atenção e vou continuar a consultar este site.

Resposta

Começo por agradecer os parabéns. O meu artigo não merecia tanto, mas é sempre grato ouvir uma palavra de apreço.

No meu entender, a Sr.ª Dr.ª Marta Silva Moreira personifica aquilo que eu penso quanto à nossa comum língua. É uma digna representante do povo brasileiro, mas é um orgulho que seja também portuguesa. Nasceu num país, mas é espiritualmente filha de dois.

Cidade litorânea, besteira, digo a ele, parabenizar, são termos utilizados no Brasil, mas que lidimamente pertencem à comum língua (ex.: besteira e parabenizar já estão registados no novo dicionário português ACL-Verbo; digo a ele, digo a ela, condenadas pelos gramáticos, podem num contexto evitar a ambiguidade do digo-lhe, exigindo muitas vezes o pleonasmo: digo-lhe, a ele, que ...; mas, a ela, que ... [é até frequente as crianças portuguesas usarem estas expressões...]).

Não adianta dizer que as línguas são diferentes. O seu escorreito texto, brasileiro, poderia ter sido escrito quase exactamente da mesma maneira por um português também culto.

Parafraseando um ditado popular: os isolacionistas vozeiam, mas a unidade natural não desanima.

Os meus cumprimentos de irmão na língua.

ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de LisboaISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa