Em 28/01/2012, em título «Ramos-Horta – Presidente exclui português», o DN escrevia: «O gabinete do presidente de Timor-Leste, José Manuel Ramos-Horta, lançou ontem oficialmente o seu novo site com informação apenas disponível em inglês e tétum, excluindo o português, língua oficial do país.»
Dois dias depois, face às repercussões que tal medida começava a provocar, procurou-se amenizar o escândalo, lançar água na fervura, tentou-se cancelar o lançamento da “bomba” que tinha sido iniciado, e podia então ler-se na Internet:
O novo sítio na Internet da Presidência de Timor-Leste, disponível no endereço www.presidenttimorleste.tl, já inclui a língua portuguesa, apesar de as traduções ainda estarem "em andamento".
[Posteriormente], em comunicado, foi dado a conhecer o novo sítio na Internet (www.presidenttimorleste.tl) da Presidência timorense, mas as informações só estavam disponíveis em tétum e inglês, prescindindo do português, que é uma das línguas oficiais do país.
Durante o fim de semana a situação foi corrigida e o sítio já disponibiliza a língua portuguesa (http://presidenttimorleste.tl/pt-pt/), mas com indicação de que as «traduções em português ainda estão em andamento».
Mas, como dizia o meu avô, «quem me suja não me lava». Do lençol branco não sairão os indícios da nódoa.
Certamente retêm na memória aquela imensa onda de solidariedade que acordou o nosso país de norte a sul a favor de Timor-Leste. Os abaixo-assinados, as marchas, os gritos, as longas vigílias, as velas, as preces, as canções por Timor Lorosae.
Portugal foi então um dos países que mais fizeram erguer a sua voz pela independência de Timor. Foi a alma da luta, da vitória e da alegria. Tudo isso em português.
Fizemos o bem “olhando a quem”. A consciência mantém-se tranquila. Mas hoje essa alma da vitória e da alegria fustigou-a um vento de tristeza, como que de derrota, pela “paga” daquele que na altura veio aqui pedir apoio, em língua portuguesa, essa língua que agora não será assim tão necessária no site da sua Presidência.
Qualquer dia ficamos também sem a Páscoa. Domingo de Ramos já não temos.
Lisboa - Portugal
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