Este «volte face», tanto em voga, tem origem remota no italiano: «voltare la faccia» significa voltar-se para trás para fugir ou partir, em que «faccia» significa face, cara. Há também em italiano o substantivo «voltafaccia», que significa o voltar-se brusca e repentinamente. Em sentido figurado, significa mudança brusca, repentina de opinião.
Do italiano «voltafaccia» (= «volta» + «faccia», face) provém o francês «volte-face», que, em sentido figurado, significa mudança brusca e total de opinião, de comportamento, principalmente em política.
Do francês veio para o português, e assim vemos por todo o lado o francês «volte-face» que, por não ser português, devemos escrever com hífen, como em francês, e em itálico ou entre aspas.
Tal como em italiano há o «voltafaccia», nós podemos ter, com hífen, o volta-face. Assim, o 25 de Abril foi um volta-face. Mas temos em português outras maneiras de dizer, conforme o contexto e/ou a situação:
a) Reviravolta, que traduz perfeitamente o «volte-face».
b) Volta-casaca e, em certos casos, a locução verbal voltar a casaca.
c) Mudança radical, expressão que atrasadamente se empregava muito, e ainda se usa bastante. Traduz perfeitamente o «volte-face».
d) E podemos inventar outra, que é o/um viranço de página ou o/um virar de página.
Como vemos, a nossa língua tem muitas possibilidades. O que nem sempre é fácil é encontrar rapidamente o que desejamos e nos satisfaça. E não raro encontramos mas não aceitamos por falta de hábito. Lembrei-me agora de «marketing». Para quê, se temos mercadologia, de significado inteiramente claro, o que não acontece com «marketing»? E já dicionarizado!