Não, não se pode empregar indistintamente viciado e vicioso em todos os contextos.
É rara a sinonímia total e absoluta. Estes dois vocábulos, embora possam, eventualmente, ser utilizados como sinónimos (daí estarem registados como tal em dicionários), não têm uma identidade denotativa e conotativa total nem são comutáveis em todos os contextos, pelo que a sua eventual sinonímia é apenas parcial.
Vicioso é um termo proveniente do latim ‘vitiosu-’ e significa portador de vício, que tem vício na sua substância, na sua essência ou na sua génese, que tem defeito grave, corrupto, defeituoso; enquanto viciado é adjectivo verbal do verbo viciar, verbo este derivado de vício (do latim ‘vitiu-’), e que significa que se viciou ou foi viciado, corrompido, deformado, falsificado, deturpado.
Se se puserem os dois termos em paralelo, verifica-se que ao termo vicioso corresponde a noção de corrupto e falso, e a viciado, a de corrompido e falsificado.
Quanto à frase que apresenta, depende do contexto considerar o argumento como vicioso ou viciado. Alguns exemplos de emprego do termo vicioso: círculo vicioso, testamento vicioso, instintos viciosos, linguagem viciosa, viciosa filosofia, terras viciosas de África e de Ásia. Para terminar, uma abonação de Sílvio Romero, em A Filosofia no Brasil, cap. 9, p. 133, presente na Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira: «... pensamento incompleto ou vicioso, que é por sua vez o parto dum cérebro viciado.»