Não parece que os dois pontos sejam uma pontuação melódica. A melodia da nossa leitura depende do que pensamos e sentimos, daquilo que imaginamos e/ou visualizamos, etc., enquanto lemos e não dos dois pontos.
Reparemos nas seguintes frases:
(a) Neste caso, há apenas duas pessoas que interessam: um é o João, outro é o António.
(b) Neste caso, há apenas duas pessoas que interessam. Um é o João, outro é o António.
(c) Neste caso, há apenas duas pessoas que interessam, um é o João, outro é o António.
A pontuação da frase (c) é a menos bem feita, no entanto podemos ler as três com a mesma melodia, conforme o pensar e o sentir de quem lê.
Nem os dois pontos nem qualquer outra pontuação é melódica. O que é melódico é a leitura.
E essa leitura melódica depende de quem lê. Os dois pontos, ou qualquer outra pontuação, apenas nos ajudam a ler com perfeição, porque contribuem para uma correcta interpretação. E quanto melhor interpretarmos, mais fácil nos será ler com perfeição. Eis dois exemplos que mostram claramente como a exclamação e a interrogação não têm nada que ver com o número de orações. Não criam orações:
a) Que lindo dia!
b) Queres ir passear comigo?
Com os dois pontos, pode ou não haver uma ou mais orações:
(a) A Marta mais uma vez pronunciou estas palavras: meu querido filho! – uma só oração.
(b) A minha mãe disse-me o seguinte: não estou para te aturar. – duas orações.
(c) A minha mãe exclamou: não quero que tornes a dizer isso! – três orações.
Não sei se é isto que pretende.