Quanto às variantes ortográficas entre Portugal e o Brasil, deve haver muita ponderação na escrita dirigida especificamente a um dos países. As cacografias em relação à norma em vigor num país desagradam aos naturais desse país e, até, são motivo de troça. Ora leio na sua nota: «estes colegas escrevem com a grafia do português europeu» em traduções destinadas ao mercado português. Está, portanto, correcta/correta a atitude dos seus colegas.
Já, por exemplo, em Ciberdúvidas, como pode verificar neste texto, as minhas respostas (embora eu seja português) são sempre escritas considerando também as variantes ortográficas em vigor no Brasil, atendendo a que, neste caso, me dirijo ao universo da comum língua. Enquanto estas variantes não forem consideradas oficiais em todos os países, penso que devo evitar confusões nos meus leitores brasileiros, para que não sejam induzidos em erro e penalizados nos casos em que a ortografia em vigor no Brasil seja exigida. Mas reconheço que o texto fica frequentemente/freqüentemente pouco fluido, quando são muitas as repetições das palavras. Tenho pena, por isso, que a uniformização ortográfica não seja maior.
Mas o que não altero é a sintaxe a que estou habituado. Considero as práticas diferentes nos dois países na generalidade pouco relevantes (pode, por exemplo, ser importante a troca: `que se disse´ e `que disse-se´, mas, como já escrevi noutra resposta, não vejo diferença na interrogação com `porque´, ou com `por que´.
Assim, sugiro que, no caso que indica, bastaria talvez alguém (tolerante, claro), com cultura do português europeu, ajudar os colegas brasileiros numa ou noutra alteração mais rebarbativa para os nossos hábitos sintácticos/sintáticos de escrita. Não me parece indispensável substituir os colegas brasileiros por portugueses nos textos destinados a Portugal. Lembro, nas suas palavras, o «esforço de uniformização que fazem»; e nesta predisposição estará o desejo de irem mudando naquilo que na sintaxe lhes for sendo indicado como fundamental (que não é muito…).
Sublinho que esta opinião é meramente pessoal. Aceito que entre pessoas ciosas da sua língua, haja opiniões frontalmente discordantes em Portugal…
Mas para estas, acrescento: Leio todas as manhãs, na «Internet», a CNN em português, principalmente dirigida a brasileiros; e não houve nada até hoje que me fizesse pensar que as notícias não estão escritas na minha estimada língua. Até nalgumas diferenças semânticas, o contexto permite-me imediatamente descobrir a riqueza do conceito diferente, em palavras que também são minhas…
Ao seu dispor,