As palavras que refere não existem em português assim escritas. Provêm ambas do grego: Segundo o Prof. Doutor Mário Santiago de Carvalho, da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra – cujo precioso contributo agradecemos -, em dois fragmentos de Aristóteles, 374 e 375 , registados no Index Aristotelicus, da autoria de H. Bonitz (Akademische Druck, Graz, 1955, 2ª edição), páginas 1540a40 e 1540b14, 22, regista-se a expressão anákrisis thesmotheton, que quer dizer "instrução judicial dos tesmótetas" (nome dado aos Arcontes encarregados de rever as leis, anualmente). O mesmo Aristóteles, agora na sua Metafísica (página 984a 10), referindo-se à teoria dos quatro elementos de Empédocles, emprega conjuntamente os verbos synkrinómena e diakrinómena, respectivamente, movimentos de junção e de separação, ambos explicando a constituição dos seres com base no elemento Terra. Sýnkrisis e anákrisis são, pois, dois termos técnicos da cultura grega familiares a Aristóteles. Anákrisis teria o sentido de investigação ou de instrução judicial, acepção aliás registada em Isidro Pereira, no seu dicionário de Grego-Português, e sýnkrisis, o de junção. Em síntese: "anákrisis" – significa investigação, instauração judicial, objecção, réplica. "sýnkrisis" (latim: syncrise-) - deu origem ao termo português "síncrise", com os seguintes significados: oposição, antítese, contradição; reunião de duas vogais num ditongo; (Quím. ant.) coagulação de líquidos misturados; (Alq.) passagem de um corpo líquido ao estado sólido e, também, coagulação ou solidificação de dois líquidos misturados. Quanto à tradução de anákrisis, ela não deve ser feita do francês, mas do grego ou do latim. À semelhança de outros termos relacionados (diácrise e síncrise), deverá traduzir-se por anácrise. Se quiser fazer o favor de enviar uma passagem textual em que os termos franceses estejam utilizados, poderá ser possível um melhor esclarecimento.