DÚVIDAS

Tempos verbais (presente, futuro e conjuntivo/subjuntivo)

Foi com grande alegria que descobri ontem esta esplêndida página. Sou brasileira e vivo atualmente em Madrid.

Sempre tenho dúvidas quando tenho que empregar expressões condicionais, como por exemplo em:

  1. Você só pode telefonar para as pessoas da sua lista que tiverem (ou têm?) uma cruz ao lado do nome.
  2. Quando o número de pessoas na sala exceder (ou excede?) a 50, impedir-se-á a entrada de mais pessoas.
  3. Informe em qual categoria que você quer (ou quiser?) classificar o seu trabalho.
  4. Quando alguém tenta (ou tentar?) telefonar para você, soa (ou soará?) uma campainha muito estridente.

Muitíssimo obrigada.

Resposta

Em nenhuma das frases apresentadas, há expressões condicionais. Haveria, se as frases estivessem redigidas doutro modo. Serve de exemplo a frase b): Se o número de pessoas na sala exceder 50, etc. Eis a redacção correcta de cada uma das frases:

a) Você só pode telefonar para as pessoas da sua lista que tiverem uma cruz ao lado do nome.

A forma verbal tiverem é do futuro do conjuntivo (ou subjuntivo, como dizem no Brasil).

O conjuntivo é o modo daquilo que é duvidoso, do que é provável, da não certeza. Quem assim fala, não tem a certeza de que estão assinalados os nomes das pessoas para quem a outra vai telefonar. Mas se tiver a certeza de que estão assinalados, não empregará o conjuntivo, mas o indicativo, que é o modo da realidade, da certeza. Então dirá:

Você só pode telefonar para as pessoas da sua lista, que têm uma cruz ao lado do nome.

Quanto à frase b), dá-se o mesmo: exceder, se não houver a convicção da certeza, da realidade; e excede, se houver, isto é, quando é uma realidade os nomes que a outra pessoa procurar estarem assinalados com uma cruz.

Quanto à frase c), a doutrina é a mesma: quer, se o emissor sabe que é uma realidade a pessoa querer; e quiser, se o emissor não souber que é uma realidade a outra pessoa querer.

Quanto à frase d), dá-se o mesmo: tenta, se a acção de tentar for uma realidade ou tida como realidade; e tentar, se não há essa certeza – a certeza de que a pessoa tenta ou não tenta.

Quando alguém tenta telefonar, nem soa nem soará, porque se tenta, não telefona, porque apenas tenta. Tentar fazer isto ou aquilo é esforçar-se por fazer, mas não o conseguir.

Peço licença!

Na frase b), lemos: «Quando o número de pessoas na sala exceder (…) a 50…». Não se deve dizer «exceder a 50», mas sim «exceder 50».

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