O que tenho defendido e volto a repetir é que se recuse o *stresse como palavra portuguesa, um barbarismo do Dicionário 2001 da Academia das Ciências de Lisboa (como alguns outros), repetido depois pelos mesmos autores no Houaiss português. O grupo inicial st foi sempre convertido na língua em es (ex.: do latim `stadiu-´ ou `stabilitate-´ respectivamente em estádio ou estabilidade, etc.; do inglês “stencil” ou “stock” respectivamente em estêncil ou estoque, estes assim grafados, nos mesmos dicionários, etc.). Não se percebe a dualidade de critérios, pois se os brasileiros têm estoque, também têm estresse (e estressar). Repito que o argumento de que a conversão do inglês é feita duma origem latina não é aceitável, como se verifica nos exemplos acima. Foi uma prepotência, vinda como veio duma autoridade respeitável (e abusiva por se arrogar o direito de ser normalizadora na língua). Nesta ordem de ideias, também não recomendo *stressar.
Quanto ao plural dos significantes para esta acepção, temos duas soluções: Se adoptarmos escrever como estrangeirismo, então o plural será, nas regras dessa língua, “stresses”. Se escolhermos o termo adoptado pelo Brasil, escreveremos estresses.
NOTAS:
1 – Há uma corrente de lexicógrafos que defende o termo [que eu não adopto] `setresse´, provavelmente por considerar que estresse é pouco impressivo para traduzir o estado de tensão psicossomática. Nesse caso, o plural seria `setresses´.
2 – Para quem despreza as soluções brasileiras na língua, o exemplo do prudente estresse mostra bem o respeito que os nossos irmãos têm pela sua e nossa língua.
Tive, nestas férias, a dita de viajar quase de extremo a extremo por este espantoso país (de extensão impressionante, de boa convivência racial, de riqueza incalculável [é auto-suficiente em petróleo, tem a mais extensa, e de maior produção, central hidroeléctrica do mundo, é o país mais rico em água do mundo, o ouro branco do futuro]... e um deslumbramento em maravilhas naturais). Pois fiquei, como português, não só orgulhoso naquilo que a nossa obra inicial se tornou, graças ao génio desse povo; mas, sobretudo, desvanecido de gratidão na forma como os brasileiros guardam a memória portuguesa. Como me disseram em Salvador (que foi a segunda cidade do reino de Portugal), muitas memórias do tempo dos portugueses estão “tombadas” (registadas religiosamente na Torre do Tombo).
Ao seu dispor,