Concordamos com a generalidade das afirmações que faz - e o Ciberdúvidas agradece. Mas daríamos maior importância ao efeito reprodutor que teve o sotaque luso quando a família real e a corte se instalaram no Rio de Janeiro.
Tornou-se moda pronunciar o s final como os portugueses - os reinóis. Estar mais próximo do centro do poder era falar como a corte. Assim, os cariocas passaram a imitar o "chiar" da consoante s (fricativa palatal) em final de sílaba, a exemplo dos que estavam perto da família real.
Um processo semelhante de relação da política com a história da língua ocorreu na Espanha com o j aspirado. Este só aparece vindo do árabe pelo facto de Madrid - antes de ser capital do império espanhol - ter estado sob influência moura. Como então o centro de poder em Portugal se situava mais a norte, em região onde a influência moura era menor, este fonema não passou a fazer parte do dia-a-dia dos portugueses e quem o utilizava era visto como pessoa estranha ao círculo da corte.