Sophia de Mello Breyner: demais, outra vez
Relativamente a uma questão por mim apresentada, obtive a seguinte resposta (passo a transcrever ambas):
"Sophia de Mello Breyner: demais
No conto "História da Gata Borralheira", de "Histórias da Terra e do Mar" de Sophia de Mello Breyner, lê-se "...tudo para ela confusamente próximo demais e acumulado demais..." e no conto "Vila d`Arcos" da mesma obra também se lê "...onde só a pedra de armas com arruelas, grifos e leões é grande demais sobre os ferros e as madeiras...".
"Demais", nestes contextos, devia ou não ser separado?
Cristina Lourenço
Portugal
As duas frases de Sophia de Mello Breyner estão correctas.
Todos sabemos que os advérbios se juntam principalmente aos verbos para lhes modificar o sentido. Mas também se juntam aos adjectivos e a outros advérbios. Ora demais é um advérbio que aparece com os seguintes significados, geralmente: muitíssimo, intensamente; expressivamente, em demasia, demasiadamente; além disso.
Na primeira frase, liga-se a próximo e a acumulado. Na segunda frase, liga-se a grande.
Agora a prezada consulente escolha dos significados aquele que lhe parecer melhor, tendo em conta o contexto de cada uma das frases e a situação em que a autora as emprega, o que só se vê em presença do texto.
M.R.L.
Contudo, continuo a não aceitar a resposta apresentada, por me parecer que, com o sentido de demasiadamente, excessivamente (aquele que se adequa ao contexto) não existe de mais como advérbio, mas sim como locução adverbial (separado, portanto!).
Continuo a considerar que, em todas as frases dos excertos apresentados, de mais deve ser separado, como locução adverbial. Gostaria de saber a vossa opinião.
Tenho pena de ter de esperar tanto tempo pela resposta, apesar de compreender os motivos.
Muitos parabéns pelo Ciberdúvidas!
