Esta palavra, segundo o Dicionário Houaiss, vem registada no Índice do Vocabulário do Português Medieval, da Fundação Casa de Rui Barbosa, Rio de Janeiro, como sendo datada do século XIV e designando «um tipo de composição polifónica em que uma melodia é contrapontada a si mesma». Cânone vem do latim canón, ònis, que significava «lei, regra, medida, regras de gramática, tubo de uma máquina hidráulica, contribuição, conjunto de livros sagrados reconhecidos pela Igreja como de inspiração divina». Canón, ònis vinha, por sua vez, do grego kanón, ónis, que era «haste de junco, régua de construção, peça de maquinaria, chave de abóbada, fronteira ou limite, tipo, modelo, princípio, épocas ou períodos principais da história, regra ou modelo ou padrão gramatical de declinação, conjugação, flexão, metrificação».'
Cânone passou também a significar:
Por extensão de sentido:
regra ou princípio genérico de ordem moral, estética, literária ou política, modelo, padrão
Por metonímia:
lista, colectânea, conjunto de livros considerados de inspiração divina
Em arqueologia verbal:
lista dos funcionários que trabalhavam para uma igreja
Na liturgia católica:
uma das partes em que se divide a Santa Missa
Em Belas-Artes:
modelo que serve de padrão aos escultores
Em Direito jurídico:
pensão anual que o enfiteuta deve ao senhorio
Em Direito Canónico:
decreto, conceito, regra referente à fé
A partir do século XV, o elemento cânon-, através da terminologia eclesiástica culta, passou a ser bastante produtivo na formação de palavras, tanto por afixação como por composição: acanónico/acanônico, acanonismo, acanonista, acanonístico; canonical, canónicas/canônicas, canonicado/canonicato, canonicidade, canónico/canônico, canóniga/canôniga, canonisa, canónigo/canônigo, canonismo, canonista, canonístico, canonização, canonizado, canonizador, canonizamento, canonizar, canonizável.