O dicionário da Porto Editora, 2003, regista: sedeado: que tem a sua sede em qualquer parte; e regista também sediado, com a mesma acepção.
O dicionário da Academia das Ciências de Lisboa de 2001 regista: sediar: servir de sede; e não regista sedeado.
José Pedro Machado, para sedeado, indica: escovado com sedas; mas já não regista sediado.
Ora o muito completo Vocabulário da Academia Brasileira de Letras distingue sedeado (escovado) de sediado (instalado). Compreende-se, assim, que o dicionário da Academia tenha seguido a orientação brasileira.
Atendendo a que não há consenso entre os lexicógrafos, na última edição do Prontuário da Texto Editora preferi sedeado (de sede), mas não condenei taxativamente sediado, que passei, também, a considerar uma variante válida para a mesma acepção.
Não se pode, portanto, afirmar que, neste caso, se trata de mais uma insensatez do dicionário da Academia.
Aliás, é bom que neste dicionário deixemos de reparar só nas muitas soluções controversas que têm escandalizado as pessoas extremosas com a língua. O Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea tem também muitas virtudes. É uma lufada de ar fresco nalguns vocábulos até hoje condenados pelos puristas; teve a coragem de recomendar a pronúncia das palavras (embora incompleta por se centralizar na de Lisboa); apresenta inúmeros exemplos úteis (com algumas abonações que são respeitáveis). É, sobretudo, um extenso e demorado trabalho, que deve ser respeitado por isso. Considero, no entanto, que é legítimo discordar-se de que se assuma «como uma obra de orientação idiomática no domínio lexical» e penso que é limitado no número das entradas.
N.E. – Esta resposta destina-se também à consulente Maria Vicente.