Visto não ter conseguido obter novas informações para a resolução do problema, transcrevo abaixo um texto de Ludmila Amaral publicado em resposta anterior a este assunto:
«Ninguém sabe [a origem da expressão saída à francesa]. O certo é que não existe melhor exemplo para ilustrar a velha rivalidade entre França e Inglaterra do que essa expressão, equivalente ao popular sair de fininho, muito usada em festas e reuniões quando alguém se retira sem se despedir nem dos anfitriões.
Isso porque ela possui, na verdade, duas versões, uma em resposta à outra. A mais conhecida – sair à francesa (“take french leave”, no original) – foi criada pelos ingleses. A outra – sair à inglesa (“filer à l'anglaise”) – é exclusividade dos franceses. Com toda a incerteza que cerca a sua origem, acredita-se, porém, que ela tenha nascido como uma gíria militar, para se referir a soldados que deixavam seu posto sem avisar ninguém.
«É provável que tenha sido dita pela primeira vez durante a Guerra dos Sete Anos (1756-1763), quando as principais potências européias se enfrentaram, encabeçadas de um lado pela França e do outro lado pela Inglaterra», afirma o historiador e professor de Francês Alexandre Roche, de Porto Alegre. «Mas a rixa entre os dois países é tão antiga que fica difícil saber qual das duas expressões surgiu primeiro», diz a tradutora e também professora de Francês Rosa Freire d'Aguiar, do Rio de Janeiro.
N.E. - No seu Dicionário das Origens das Frases Feitas, Orlando Neves diz o seguinte acerca de Despedir-se à francesa:
«Nem sempre despedirem-se as pessoas umas das outras, em qualquer reunião, foi considerado cortesia, educação, delicadeza. Em França, no século XVIII, quem, pretendendo abandonar uma sala repleta de gente, fosse despedir-se dos convivas cometia um acto importuno, ao incomodar pessoas embrenhadas em conversas, passatempos, jogos ou amores agradáveis. Daí que se “saísse à francesa”, isto é, sem cerimónia, sem aviso prévio, sem dar conhecimento a ninguém. O costume generalizou-se por toda a parte, até que, mais tarde, veio a adquirir um sentido oposto, ou seja, de descortesia e falta de educação.»