Escrevemos assim, porque são duas palavras. Ora vejamos esta frase:
(1) Isto resume-se em poucas palavras.
Aqui, o se é uma partícula (ou palavra) apassivante, porque apassiva o verbo. Isto é, resume-se é igual a é resumido. O facto de ser igual a é resumido, não quer dizer que fique bem dizermos assim. Digamos, pois, isto resume-se, e não é resumido.
Outra prova de que o se é uma palavra, está bem patente na frase seguinte:
(2) Isto não se resume em poucas palavras.
Introduzimos na frase um advérbio de negação. Este facto levou-nos a recuar a posição do se. Se ele mudou de posição, é porque é uma palavra como outra qualquer. Sendo este se uma palavra, é evidente que não o podemos ligar inteiramente a outra palavra. Também não escrevemos, por exemplo, «umarosa», mas sim uma rosa.
O se também pode ser um pronome pessoal reflexo, como por exemplo nesta frase:
(3) O João feriu-se.
Esta frase mostra que a acção de ferir se reflectiu na própria pessoa que a praticou -- no João. Por isso, este se é um pronome pessoal reflexo. Como é uma palavra como outra qualquer, não a podemos unir inteiramente à palavra anterior.
Se introduzirmos um advérbio de negação nesta frase, o se tem aqui forçosamente que recuar:
(4) O João nunca se feriu.
Isto prova que este se é também uma palavra como outra qualquer.
Outra prova em como o se não se pode ligar inteiramente a resume está no seguinte: Se escrevêssemos «resumese», teríamos de ler /resúmeze/, porque o se fica entre vogais. Bem sabemos que não podemos dizer assim.