O nosso prezado consulente Frederico Leal estranhara que jornalistas televisivos empregassem a expressão «produção em massa» de euros. E, de acordo com os significados dicionarizados de «massa», admitira ironicamente que a relação se deveria ao facto de se tratar de dinheiro.
Se ofendi a sensibilidade de alguém por ter subscrito a ironia, peço desculpa. Mas que quer, estimado consulente Carlos Ferreira, deu vontade de rir a Frederico Leal, deu-me vontade de rir a mim e, honestamente, devo confessar: quando penso na «produção em massa» de euros, continua a dar-me vontade de rir. Porquê? Porque é erro gravíssimo? Porque é impropriedade inaceitável? Porque é estrangeirismo escusado? Não. Mas haveria expressões mais felizes para dizer o mesmo.
Sabe-se que «massa» pode designar, em sentido figurado, coisas em grande quantidade. Mas os sentidos próprios são: substância informe, povo, multidão, mistura de farinha com água, mistura de cal ou cimento com areia e água, dinheiro, o maior número ou a totalidade dos elementos de um conjunto, a quantidade de matéria de um corpo, etc.
«Produção em massa» pode ser produção de coisas em grande quantidade, mas em sentido figurado, que não encontrei em nenhum dicionário. Ao passo que produção em série é expressão dicionarizada e, quando algum jornalista a relacionar com o fabrico de dinheiro, não se prestará a trocadilhos de melhor ou pior gosto.