Tem toda a razão. É claro como água que «porque» é advérbio interrogativo.
Não pode ser pronome por duas razões:
a) Porque não está em representação de nenhum nome.
b) Porque está ligado a um verbo - a estudas.
Não percebo por que razão errei perante as respostas certas dadas anteriormente.
Este meu deslize lembra-me o seguinte, a que assisti:
Os colegas e vizinhos João e Maria conversam muito animadamente. A certa altura, diz-lhe o João:
- Mas olha lá, ó Carlos, não percebo porque não concordas com isto...
Ela ri-se e responde:
- Ó Carlos?!
O Carlos era o irmão do João. Riem-se ambos às gargalhadas e não comentam o acontecido, porque ambos vêem que o João se tinha distraído, e lá continuam animadamente a conversa.
Este é o mesmo caso do porque. Riamo-nos todos perante tal distracção! Só que o meu riso é... é um «riso amarelo», como se costuma dizer.
Nós, seres humanos, somos assim. Às vezes distraímo-nos em situações em que a distracção é condenável. Até pode levar a crimes. Por isso fico muito, mas muito grato por o nosso prezado consulente Pedro Ornelas me ter chamado a atenção para o meu deslize. Bem haja, pois!
É, sim, advérbio interrogativo o porque da seguinte frase: «Se queres ser homem porque não estudas?»
Nota. - No Brasil, em frases como esta, escrevem por que, em duas palavras, porque subentendem palavras como motivo, causa, razão, circunstância, etc.:
Se queres ser homem, por que [razão] não estudas?
Quando eu era miúdo, era assim também que se escrevia.