Os sinais de pontuação dão a entoação no discurso.
Independentemente de o texto escrito se destinar ou não a ser lido, a pontuação traduz mais fielmente o pensamento do escritor, evitando até ambiguidades/ambigüidades.
É elucidativo o exemplo nas duas formas já clássicas: `Deus morreu, não está aqui´ e `Deus morreu, não, está aqui´, com um sentido oposto.
Os pontos de interrogação e de exclamação, as reticências, o ponto e vírgula, os dois pontos e, até, o ponto final e o parágrafo podem ser indispensáveis para traduzir convenientemente a mensagem que se deseja claramente expressa.
Se o texto se destina a ser falado e, sobretudo, se se destina a ser lido por pessoa diferente da que o escreveu, a pontuação é, então, absolutamente necessária na transmissão do pensamento do autor. As frases acima, usando as mesmas palavras, mas destinadas a serem expressas em linguagem oral, poderiam ter uma grafia muito mais sugestiva: `Deus morreu. Não está aqui.´ e `Deus morreu…? Não. Está aqui.´ E, repare-se que esta última ideia/idéia ainda poderia ter outra versão com mais ênfase `Deus morreu, não!! Está aqui!!…
É por tudo isto que não consigo entender os escritores que desprezam o uso da pontuação. Talvez busquem na escrita a arte da ambiguidade/ambigüidade, para provocar múltiplas projecções/projeções dos leitores no seu texto; mas, então, arriscam-se a transmitir mensagens muito diferentes daquela que talvez pretendessem.
A linguagem escrita deve ter qualidade, e isso verdadeiramente só se consegue com uma pontuação correcta/correta. A facilidade de modular a grafia, aproximando-a da oralidade é um dos generosos recursos que esta nossa comum língua nos oferece.
Ao seu dispor,