Nos dicionários que possuo, só no da Academia das Ciências de Lisboa encontrei a expressão `pó de talco´ com hífenes/hífens. Penso que neste dicionário terá sido feita a comparação com `pó-de-arroz´.
Ora em `pó-de-arroz´ a base é «o amido do grão de arroz reduzido a pó muito fino». Trata-se duma unidade semântica há muito assim lexicalizada (ex.: Rebelo Gonçalves). A origem material do produto (proveniente de arroz) é secundarizada em relação à ideia que se tem da estrutura na sua utilização em cosmética.
Enquanto em `pó de talco´ trata-se simplesmente de talco em pó (silicato de magnésio reduzido a pó fino). Neste caso, não vejo necessidade de hífenes/hífens, da mesma maneira que os dispensamos, por exemplo, em pó de giz.
Esta é uma opinião meramente pessoal, que, como sempre, não pretende fazer lei. Enquadra-se no meu ponto de vista quanto à utilização do hífen nas unidades semânticas (quando adquirem um sentido particular que transcende a `soma´ dos conceitos de cada um dos constituintes [ex.: `cachorro-quente´: não é um cão]).
Ao seu dispor,
N. E. (20/02/2021) – Sem prejuízo da posição do consultor, deve assinalar-se que pó de arroz, sem hífenes, constitui a grafia fixada no quadro da aplicação do Acordo Ortográfico de 1990. Cf. Vocabulário Ortográfico Comum da Língua Portuguesa do Instituto Internacional da Língua Portuguesa, Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa da Academia das Ciências de Lisboa e Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa da Academia Brasileira de Letras.