A fronteira entre os nomes e os adjectivos nem sempre é fácil de delinear e, normalmente, é o contexto que nos permite ter certezas. Neste caso, porém, temos nomes compostos cujo processo de formação pretendemos identificar: NOME + ADJECTIVO, ADJECTIVO + ADJECTIVO, NOME + NOME ou ADJECTIVO + NOME?
Quase todas as palavras presentes nos compostos que a consulente refere podem ser nomes ou adjectivos: pescado, real e marinha tanto podem designar um ser ou objecto, como um atributo: pescado é nome quando significa «peixe», é adjectivo participial quando significa «que se pescou»; real é adjectivo quando significa «régio», nome quando significa «moeda»; marinha é adjectivo quando se refere a mar, é nome quando se refere à instituição. Guarda é a única palavra que, no composto, só funciona como substantivo.
Assim, se não é o contexto que nos permite determinar a classe gramatical dos termos em questão, devemos recorrer à origem e ao significado dos compostos. No caso de guarda-marinha, sendo este um posto dos oficiais da armada, portanto, uma graduação da marinha enquanto instituição, é lícito considerar que se trata da junção NOME + NOME. Trata-se, por assim dizer, e em termos muito simplistas, de um guarda da marinha.
Quanto a pescado-real, uma vez que se trata do nome de um peixe (também designado por pescada-real, pescada-legítima e pescada-cambucu), tudo indica que se trata da junção NOME (pescado = peixe) + ADJECTIVO (real como atributo, por se tratar de um peixe muito apreciado, em termos gastronómicos).