A grafia correcta é pêra (fruto), com acento circunflexo. Grafia explícita na Base XXII da Norma portuguesa e na XII da brasileira, ambas em vigor. O vocábulo está também assim dicionarizado no vocabulário de Rebelo Gonçalves (Portugal) e no dicionário de Aurélio (Brasil).
Pega ¦pê¦ (ave) e pega ¦pé¦ (verbo, cabo) não têm acento gráfico, de acordo com a Base XXI da Norma portuguesa (homógrafos) e com a Lei nº 5765 da Norma brasileira. É esta também a grafia registada nas obras acima citadas.
Devemos escrever sempre com respeito pelas normas: «A Língua é como um rio: sem margens desaparece», não é?.
No entanto, obediência cívica não significa que tudo se deva aceitar sem críticas, quando legítimas. Do meu ponto de vista, a obrigatoriedade de acentuar pêra foi uma decisão controversa dos responsáveis pelas regras em vigor. Se o objectivo era evitarem a confusão com a preposição antiga `pera´, arranjaram confusões com a regra simplificada dos homógrafos e, mais grave ainda, com o facto/fato de o plural de pêra já não necessitar de acento: peras (grafia igualmente explícita na Base XXII).
Quem se esquecer de pôr o acento `na pêra´, é improvável que, por isso e actualmente, escreva com ambiguidades no seu discurso. Corre é o risco de que o considerem ignorante, se não puder demonstrar que considera esse acento gráfico já injustificado.
Cuidado, que o acento gráfico em peras será, esse sim, um erro sem defesa...