É uma questão de estilo: o verbo parecer, quando no sentido de dar a impressão, seguido de infinitivo admite as duas construções. Napoleão Mendes de Almeida, no seu Dicionário de Questões Vernáculas (ed. Livraria Ciência e Tecnologia Editora, São Paulo, Brasil) explica pormenorizadamente as razões das duas flexões: «(...) Tanto podemos dizer “Eles parecem estar doentes” como “Eles parece estarem doentes”. No primeiro caso (“Eles parecem estar doentes”) o verbo parecer está empregado como verbo de ligação, sendo seu predicado “estar doentes”: Eles (sujeito) parecem (verbo de ligação) estar doentes (predicativo). No segundo caso (“Eles parece estarem doentes”) o verbo parecer está empregado intransitivamente, isto é, com sentido completo, e é seu sujeito “estarem doentes”, equivalendo a oração a “Parece estarem eles doentes” (suj. de parece) ou “Parece que eles estão doentes (suj. de parece). O verbo parecer, pois, quando o sujeito da oração está no plural, faculta estas duas construções: 1. Eles parecem estar doentes. 2. Eles parece estarem doentes. Nada, portanto, deverá estranhar-nos a flexão do infinito quando o verbo parecer estiver no singular, nem a não flexão do infinitivo quando o verbo parecer vier no plural: “Escudos que os compridos saios de malha pareciam tornar-se inúteis” – “Que pareciam desprezar as tribos berberes” – “Que parece entoarem-lhes já o hino da morte” – “Lanças que parecia encaminharem-se” – “Os quais lhes pareceu dirigirem-se para os lados do célebre mosteiro” – “Tais condições me parecia reunirem-se...”». Veja ainda nas Respostas Anteriores/Regência de parecer a explicação do dr. José Neves Henriques.