O que está em causa na sua pergunta é a representação gráfica dupla (o/u) para o mesmo som vocálico [u]. Passo a enumerar algumas regras.1 1. Há realização acústica diferenciada em função de a vogal pertencer, ou não, a sílaba acentuada (estou a falar de acento fónico). 1.1. As palavras derivadas cuja forma de base é grafada com o mantêm o: porta – porteiro sopa – sopeira amor – amoroso folha – folheto bolo – bolacha fogo – fogueira 1.2. Grafam-se com u as palavras derivadas de outras que já são grafadas com u em posição tónica: furo – furar chuva – chuviscar/chuvoso bruto – brutalidade 2. O índice temático – o de nomes e adje(c)tivos grafa-se com o: aluno ídolo livro modelo claro 3. Temos a grafia u nos sufixos eruditos: globo – glóbulo gota – gotícula modo – módulo nó – nódulo parte – partícula pele – película verso – versículo 4. Os ditongos orais com a semivogal [w] grafam-se com u: eu seu ateu europeu plebeu judeu sandeu 5. Os ditongos nasais grafam-se com o: aldrabão comilão chorão 6. O morfema de 1.ª pessoa do presente do indicativo das três conjugações grafa-se com o: canto como parto 7. Na conjugação dos verbos pôr e poder (e respectivos derivados) verifica-se que, nas formas em que está presente [ɛ] (“e” aberto), o som [u] é grafado com u: puseste puseram pusera puséramos puséreis puser pudeste puderam pudera pudéramos Exce(p)tuando pude e punha, nas restantes formas dos verbos, o som [u] grafa-se com o”: podemos podendo podereis poria Etc. De notar, por último, a necessária verificação, nestes e de noutros casos, da etimologia das palavras e seus constituintes. Cf. 1 Não distingo, para efeitos desta explicação, regras fonológicas de regras “empíricas”, ou seja, simples observações de regularidades.