De facto, é possível a não utilização de artigos com nomes próprios em algumas circunstâncias. Há mesmo situações em que a omissão do artigo é aconselhável. É o caso de certas situações de formalidade referidas pelos autores mencionados pela consulente. E que situações são essas? Podemos dizer que são situações em que devemos manter alguma distância em relação às pessoas de que falamos independentemente da relação que temos com elas. Vejamos uma mesma frase usada em circunstâncias diferentes:
— Cavaco Silva fez um discurso cauteloso no dia 25 de Abril.
— O Cavaco Silva fez um discurso cauteloso no dia 25 de Abril.
Se se tratar de uma notícia na televisão, num jornal ou noutro meio de comunicação social, esperaremos que o jornalista encarregado de a transmitir utilize a primeira frase. É uma situação de formalidade, e o jornalista está obrigado pelo seu dever de isenção a manter algum distanciamento em relação aos factos e pessoas tratados na notícia. Consegue fazê-lo omitindo o artigo antes do nome.
Se, por outro lado, esse mesmo jornalista estiver num café a conversar com os amigos sobre este tema, já sem o fardo do dever profissional, esperaremos que use a segunda frase, com o artigo presente, pois trata-se de uma situação informal e não existe a necessidade de distanciamento que existia na situação anterior.
Os efeitos estilísticos produzidos por este uso são, pois, sobretudo de distanciamento, de menos intimidade.