O raciocínio lógico é frequentemente inadequado na Língua. Tratando-se duma ciência em mutação permanente, nem tudo obedece a um raciocínio lógico exigente. No entanto, os cientistas lá vão regulamentando a Língua com a lógica possível.
Ora bem, nas premissas actuais, podemos dizer que o termo «negliênciável» é ilógico. Uma vez que foram eliminados os sinais ortográficos em palavras derivadas (como portuguesmente e mazinha, por exemplo), o acento circunflexo e o acento agudo passaram unicamente a assinalar a tónica, e como só há uma sílaba tónica em cada palavra, estes dois acentos excluem-se mutuamente (ou um ou outro). Portanto, deve escrever-se: negligenciável, tónica em ¦ciá¦, sem o acento circunflexo.
Por outro lado, o termo «negligênciavel», com tónica em ¦gên¦, também seria ilógico, visto não haver sílaba tónica anterior à antepenúltima.
Quanto à necessidade de acento em negligência, trata-se da regra de acentuar todas as proparoxítonas aparentes (tónica em ¦gên¦, terminação em encontro vocálico postónico). Aqui a regra é controversa, estamos de acordo. Mas também é controversa a indispensabilidade de acentuar todas as proparoxítonas. Penso que este problema terá de ser resolvido algum dia.
Ao seu dispor,