«Mercadologia» e «mercadólogo» são dois neologismos portugueses que podem estar hoje para os ingleses «marketing» e «marketeer» como há 70 anos estaria para o francês «restaurant», em certas camadas sociais, um neologismo tão pouco recomendável como «restaurante». Conhecemos a evolução das preferências.
Todos sabemos também que as línguas se não moldam por decreto. Compete, todavia, aos estudiosos fornecer elementos que facilitem a escolha que os utilizadores nunca deixam de fazer.
A Língua Portuguesa não morrerá se a palavra anglo-americana «marketing», dentro de alguns anos, estiver consagrada nos nossos dicionários, mas não terá grande saúde se os terminólogos desistirem perante todos os estrangeirismos que - salutarmente - nos invadem.
A utilização de «mercadologia» e «mercadólogo» na linguagem empresarial, sem que se caia no ridículo, requer sabedoria. Já o exigirá menos entender-se como se compuseram ambas as palavras:
. Mercado (comércio, conjunto global ou sectorial de vendas e compras) + logo (elemento de origem grega de formação de palavras que significa discurso, tratado, palavra, inteligência, razão) = mercadólogo = quem estuda, a partir do conhecimento das necessidades e da psicologia dos consumidores, a forma de lhes dirigir os produtos adequados;
. Mercado + logo + ia = mercadologia = o conjunto de técnicas que permite criar ou adaptar produtos, de modo que eles correspondam às necessidades dos consumidores.
Dizem-me que, neologismo por neologismo, «comerciólogo» e «comerciologia» soam melhor e se afastam mais dos ingleses «market» (mercado), «marketing» e «marketeer». Se é só por isso...
«Market» teria chegado a Inglaterra pelo francês antigo «markiet», tendo, assim, origem idêntica à do neerlandês e alemão «markt» e do português «mercado»: o latim «mercatus» (comércio, negócio, praça, lugar onde se comercia).