As suas questões denotam grande preocupação com a língua.
Como autor dum livro que pretende corrigir erros, que aprofunda as normas ortográficas e recomenda o conhecimento das regras fundamentais da gramática, desejo por outro lado fazer passar a ideia de que é também errado sermos puristas intransigentes. O meu ponto de vista pessoal, como nunca me canso de insistir, é que não devemos exagerar nas preocupações com a forma do texto, a ponto de nos sentirmos completamente inibidos na criatividade do pensamento. No fundo trata-se, igualmente na língua, de aplicar o princípio aristotélico.
Concretamente, quanto às suas dúvidas, ressalta a conveniência, ou não, em introduzir um determinante no número que indicou. Isto é:
a) `nos (em os) 2,3´ ou `em 2,3´;
b) `foi de 2,3´, ou `atingiu os 2,3´, ou ainda `foi igual a´.
Ora, com o artigo a única diferença que há é que o valor fica individualizado: não foi só `em´ ou `de´ (qualquer coisa como) 2,3; mas [exactamente] os 2,3, o que fica também sublinhado com a estrutura `foi igual a´.
A diferença pode não ser relevante e não valer a pena as suas preocupações neste caso.
A não ser que esteja no seu espírito, por exemplo, deixar entender que se manteve `exactamente´ naquele valor. Então, a escolha deixa de ser indiferente. Também pode não ser é indiferente no seu espírito escolher `foi igual´ ou `atingiu os´, pois este último caso deixa a ideia de que houve mesmo uma variação (subida ou descida) e que se chegou até ao valor eventualmente notável de 2,3.
É necessário usar a língua de maneira que, além da qualidade na forma, transmitamos com precisão o nosso pensamento; e, nisto, eu procuro sempre ser exigente comigo mesmo. Atendendo à riqueza da sua enorme plasticidade, a nossa língua apresenta por vezes areias movediças inesperadas, que podem desvirtuar a mensagem, por muito burilada que esteja. É preciso perguntar sempre: Será `o que escrevi´ interpretado pelo meu destinatário `como eu quero´?
Ao seu dispor,