Estamos muito gratos a Vítor Araújo pela colaboração prestada para resolver a caso de plafonar e plafonamento.
De facto, os vocábulos majorar e majoração, já registados no conhecido e bom "Dicionário Aurélio", substituem com vantagem plafonar e plafonamento, embora, tal como estes, provenham do francês.
Eis o que ensina o referido dicionário:
Majorar (do francês "majorer"). Tornar maior; aumentar: majorar o preço de algum produto.
Majoração (do francês "majoration"). Acto ou efeito de majorar.
Vejamos as desvantagens de plafonar e de plafonamento:
a) Não se enquadram bem na sonoridade da Língua Portuguesa, principalmente plafonar.
b) Não há em português palavras da mesma família.
c) São «palavras estranhíssimas» como diz, e muito bem, Vítor Araújo.
d) Por tudo isto, plafonar e plafonamento são palavras sem motivação na Língua Portuguesa.
Não há tais inconvenientes em majorar e majoração. Ora vejamos:
a) Enquadram-se bem na sonoridade da Língua Portuguesa. Qualquer delas "é até elegante", como diz Vítor Araújo.
b) Temos palavras da mesma família, como: Majorante, major, majoria, majoritário.
c) Estas particularidades apontadas, e o facto de pertencerem já à nossa língua, não as tornam "estranhíssimas", antes pelo contrário, são perfeitamente aceitáveis e abrem-se à nossa compreensão, o que não se dá com plafonar e plafonamento. Só quem se encontrar familiarizado com o francês as compreende e sente.
d) Por tudo isto, majorar e majoração são vocábulos inteiramente motivados na Língua Portuguesa. Por isso, compreendemo-los e sentimo-los.
N. E. (10/09/2015) – Sobre plafonamento, atente-se no seguinte comentário, a propósito do uso desta palavra no contexto da campanha para as eleições legislativas de 4 de outubro em Portugal:
«[No debate televisivo entre António Costa e Pedro Passos Coelho] (...) quando se quis aprofundar o relevantíssimo tema das pensões, «plafonamento horizontal» para cá, «plafonamento vertical» para lá e ninguém percebeu nada.
(Em três parágrafos. Plafonamento significa criar um limite tanto nos descontos dos trabalhadores para a Segurança Social, como nas pensões que esses trabalhadores irão receber quando se reformarem. Plafond quer dizer, aliás, teto em francês.
«Plafonamento horizontal», como defende o PSD para novos trabalhadores, aplica-se apenas a ordenados mais altos, sendo definido um valor de salário a partir do qual os trabalhadores deixam de estar obrigados a descontar para a Segurança Social. Se, por exemplo, o Estado definir o plafond nos 2600 euros e o senhor Joaquim ganhar 3000 euros por mês, pode descontar para a Segurança Social apenas sobre os 2600 euros e optar por poupar a parte relativa aos 400 euros remanescentes em fundos privados. Toda a gente que ganhe até esses 2600 euros desconta integralmente para a Segurança Social. É isto que o PS acusa de ser a privatização da Segurança Social.
«Plafonamento vertical» aplica-se a todos os rendimentos, passando uma parcela dos descontos a ser feito não para o sistema público de pensões mas para fundos privados. Ganhem 3000 ou 600 euros, o trabalhador desconta uma parte para fundos privados. É isso que o PSD acusa o PS de estar a promover encapotadamente, quando propõe uma baixa da taxa contributiva para todos os trabalhadores, encorajando-os a poupar em fundos privados para complementar a pensão futura.)»
[Pedro Santos Guerreiro, "Expresso Diário" de 10 de setembro, sobre o emprego dos termos «plafonamento horizontal» e «plafonamento vertical», por parte do presidente do PSD e primeiro-ministro português, Pedro Passos Coelho, no frente a frente televisivo com o líder do principal partido da oposição, António Costa, realizado no dia 9/08/2015]