«Levo isso logo», em Portugal, pode ser: a) no presente, daqui a pouco; mais tarde; b) no passado e no futuro, imediatamente; de seguida.
No Brasil, além destes significados, no presente, logo também pode significar já.
Portanto, no Brasil, em contexto apropriado, se disser: «Volto logo», os interlocutores percebem «volto já», enquanto, em Portugal, «volto logo» quer dizer «volto mais tarde».
Exemplifiquemos com o letreiro «volto já» dos centros comerciais de Lisboa: se alguém escrevesse «volto logo», presumir-se-ia que o signatário não voltaria tão cedo.
Vejamos ainda, contudo, a frase do consulente (entendida em contexto de Portugal): se António telefonasse a José antes do almoço a pedir o livro que lhe emprestara, e José se limitasse a responder: «Levo-o logo» (ou «levo isso logo»), resposta tão lacónica poderia ser suficiente para que António percebesse que José lhe levaria o livro ao fim da tarde, quando acabasse as aulas e pudesse passar por casa dele.
António e José conhecem-se bem. Meia frase basta.
E se alterarmos a ordem das palavras desta oração? Se for «logo levo isso»? Sim, se José, perante a interpelação telefónica de António, se limitar a pronunciar as três palavras em tom mordaz? A simples mudança de «levo isso logo» para «logo levo isso», sublinhada de certa maneira, pode significar: ou daqui a pouco, ou mais tarde, ou muito mais tarde, num futuro muito indefinido, longínquo, que é como quem diz: «quando me apetecer».