Sobre esta questão, não resisto a transcrever o que, sobre o inúmero e o numeroso, escreveu há já alguns anos o gramático brasileiro Napoleão Mendes de Almeida:
«O sufixo oso empresta a significação de "cheio de" a substantivo a que se acrescente; tanto são numerosas e inúmeras as estrelas, os peixes, os grãos de areia, quanto inúmeras e numerosas podem ser as manchas da pele, os livros de uma biblioteca. Nem por indicar inúmera impossibilidade de numerar, vamos afirmar que o que é numeroso não pode ser também inúmero."Estragos inúmeros cobrem a superfície do globo", como afirmou Montalverne (apud Caldas Aulete), não é afirmar que numerosos são os estragos que cobrem a sua superfície?
Não bastam os inúmeros acúleos do idioma para somar-lhes numerosos espinhos? Por ser infinito o número de estultos (stultorum infinitus est numerus - Ecl. I 15) vou deixar de dizer que são numerosos os estultos? A hipérbole é aí obrigatória?»
Vem no "Dicionário de Questões Vernáculas" e espero que responda à sua dúvida, caro consulente.