Concordo que as frases correctas/corretas são as do seu segundo grupo, em que, para Portugal, respectivamente associa continuem com seu, lhes com obedecem, continuai com vosso e vos com obedeceis.
Devo dizer-lhe, no entanto, que submeti as suas frases erradas a um grupo de pessoas experientes, formadas no ramo das letras, e que algumas não as consideraram assim tão incorrectas/incorretas.
Explico este facto/fato pelo seguinte: A flexão verbal na segunda pessoa do plural, que já foi de deferência, deixou de o ser, e ultimamente está mesmo a desaparecer, pelo menos na região de Lisboa (é o devir da utilização, pelas gerações, do património/patrimônio linguístico/lingüístico, neste caso com empobrecimento da língua); mas os pronomes respectivos, vos, vosso/a/s mantiveram-se actuantes/atuantes. Por outro lado, pela mesma razão, o tratamento de deferência com a flexão verbal na terceira pessoa do plural está a confundir-se com o tratamento de intimidade (nos nossos dias, a professora diz às crianças: `podem sair´, como dizemos: `os senhores sentem-se, fazem favor!´). Finalmente você/s (abreviatura de Vossa/s Mercê/s) perdeu o carácter/caráter de tratamento de deferência e presentemente equivale a um tratamento por tu. Então, na prática é o pronome que distingue a deferência: `Continuem com o seu trabalho, meus senhores´; `sempre lhes digo isso, mas os senhores nunca me obedecem´. Ou: `continuem com o vosso trabalho, rapazes´; `sempre vos digo isso, mas vocês (rapazes) nunca me obedecem´; e estas últimas frases pode parecer que não têm coesão, mas são perfeitamente coerentes nos actuais/atuais hábitos linguísticos/lingüísticos de muitos falantes portugueses.
Quanto ao Brasil, como sabe o pronome `tu´ só é muito restritamente usado. Para os meus irmãos brasileiros, tratar por você é mesmo tutear, na ausência do pronome pessoal recto/reto da segunda pessoa do singular. A frase: «Se você não se cuidar, a aids vai te pegar.» pode considerar-se desagregada para um português, no conjunto das duas orações; mas é também perfeitamente coerente no Brasil. E diga-me: é possível impor a um brasileiro que escreva `Se tu não te cuidares´ quando ele não usa esta expressão por sistema?
Ambos erros enormes, cá e lá? Para os vernaculistas, talvez… Não, para o utente indiscriminado do povo, que também é dono da língua (não me refiro a populacho). Ora as comunidades cultas, formadas pelos gramáticos, são no entanto também povo e, assim, é natural que adoptem/adotem a linguagem generalizada quando comunicam com esse utente indiscriminado.
Claro que as comunidades cultas têm outras responsabilidades. Pelo menos, devem ponderar sempre a conveniência em escrever como mandam as regras, sobretudo em obras didácticas/didáticas. E as regras são as que indica, prezado companheiro interessado no estudo da língua portuguesa.
Ao seu dispor,