DÚVIDAS

Canópia e parapente

O termo canópia tem vindo a generalizar-se mas não consta dos dicionários de Língua Portuguesa a que temos tipo acesso. Surge nomeadamente em engenharia (canópia do motor), em arquitectura (a canópia invertida da Praça do Pavilhão de Portugal na Expo'98), em parapente (as asas têm forma de canópia).
Aparece no Dic. de Inglês como "canopy" e é traduzido por baldaquino, pália, cobertura, abóbada, etc. Pretende-se saber:
- pode aplicar-se o termo em português?
- qual é a origem de tal palavra?
Já agora coloco a mesma questão para parapente (como se diz em Portugal) ou paraglider (como se diz no Brasil).

Resposta

«Canopy» está registada no "Dicionário Inglês-Português Michaelis" com os significados, além dos indicados pelo consulente, também: capota, zimbório, velame de pára-quedas, etc. O "Dicionário Verbo Técnico e Científico de Inglês" indica `canópia´ para «canopy».

«Paraglider ¦glái¦» («glider» = planador) está registada no mesmo dicionário "Verbo", como um planador de pára-quedas.

Não encontrei `parapente´ na bibliografia que possuo. O "Grande Dicionário Francês-Português, de Domingos de Azevedo", regista «parachute» como pára-quedas e «pente ¦pân¦» como declive, encosta, pendor.

`Canópia´, «paraglider» e `parapente´ não foram encontradas nos vocabulário e dicionários da língua portuguesa, que considero de base (incluindo o brasileiro Aurélio). São, portanto, neologismos. `Canópia´ está bem formada. Quanto a `parapente´, foram encontradas várias palavras terminadas com a grafia pente ¦pen¦ no "Dicionário Universal", para utilização informática, da Texto Editora; e, assim, pode considerar-se que também obedece à índole da língua. Já no que se refere a «paraglider», não encontrei nenhuma palavra terminada com a grafia «glider», no mesmo dicionário.

Não me considero uma autoridade para decidir sobre a legitimidade de neologismos; mas, na minha opinião, quando a palavra está `bem formada´ e é de utilização corrente pela comunidade culta especializada (de língua oficial portuguesa), deve considerar-se que o termo enriquece o léxico comum, desde que não exista palavra vernácula com um valor semântico `perfeitamente´ adequado ao conceito pretendido. Ou no caso de não ter sido sugerido um neologismo mais adequado, a tempo de evitar que a nova palavra entrasse definitivamente nos hábitos linguísticos (já será tarde, mas pergunto aos especialistas se `paraplanador´ não teria sido um termo preferível em relação a `paraglider´ ou `parapente´).

ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de LisboaISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa